Eleições

Alckmin critica Lula, acena para Temer e é lançado pré-candidato

10 DEZ 2017 • POR • 12h49

Após ser eleito presidente nacional do PSDB quase por unanimidade [foram apenas três votos contra e uma abstenção], o governador de São Paulo Geraldo Alckmin, informalmente lançado como pré-candidato do partido à Presidência da República, em 2018, fez um discurso no qual pregou a unidade da legenda, com ataques ao PT e acenos ao governo do presidente Michel Temer e a partidos do centrão, na convenção realizada neste sábado (9), em São Paulo. A corrupção e a Lava-Jato ficaram fora da fala do tucano, observa reportagem do jornal OGlobo.

Em um discurso de cerca de 20 minutos, o tucano pregou a unidade do PSDB, defendeu as reformas e a modernização do estado brasileiro, e se apresentou como oposição a Lula e ao PT, hoje polarizado com o deputado Jair Bolsonaro na corrida presidencial.

“Registrem-se os esforços do atual governo que, pouco a pouco, começa a reversão da tragédia econômica em que o país foi colocado. O PSDB reitera sua disposição no âmbito do Congresso na aprovação de reformas necessárias ao nosso país”, disse Alckmin.

Quase todas as lideranças tucanas presentes no palanque discursaram defendendo o engajamento da candidatura do governador paulista ao Planalto a partir de já. A exceção foi o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que reafirmou sua pré-candidatura e foi o obstáculo na convenção à aclamação do governador paulista. Se Virgílio se mantiver irredutível, ele deve disputar prévias com Alckmin entre fevereiro e março.

Alckmin assume no lugar do senador Aécio Neves (MG), licenciado da presidência do partido desde que veio à tona a gravação de uma conversa na qual ele pede R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS. Retirado da mesa de autoridades, o mineiro teve uma passagem relâmpago pela convenção. Aécio entrou pela porta principal, ladeado de uma claque barulhenta, mas dentro do espaço onde ocorreu a convenção chegou a ser alvo de vaias de um pequeno grupo. Havia uma cadeira na plateia com seu nome, junto da primeira fila. No entanto, ele passou direto e ficou atrás do painel do palanque, esperando a entrada de Alckmin e da comitiva que comporia a mesa. Quando todos entraram, o senador cumprimentou apenas Fernando Henrique e saiu pelos fundos.

O prefeito de São Paulo, João Doria, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fizeram discursos de apoio ao paulista, apesar de reconhecerem o direito de Virgílio de disputar as prévias.

“Geraldo (Alckmin) é simples, eu o conheço há décadas, nunca mudou. Médico, deputado, é um ser humano. Uma pessoa. Precisamos de gente assim”, disse Fernando Henrique. Ao defender a candidatura de Alckmin, FHC disse que o PSDB tem condições de derrotar o ex-presidente Lula nas urnas: “Eu já ganhei do Lula duas vezes, e temos energia para combatê-lo cara a cara. Prefiro combatê-lo na urna a vê-lo na cadeia”, discursou.

No mesmo tom, o prefeito de São Paulo, João Doria, que até meses atrás era apontado como uma possível alternativa a Alckmin, declarou apoio incondicional à candidatura do governador à Presidência da República. “Quero dizer aqui do meu apoio, e reafirmar meu apoio incondicional a Geraldo Alckmin, não apenas como presidente do PSDB, mas também pedir à militância para juntos termos a liderança de Geraldo Alckmin para caminhar à Presidência da República. O futuro presidente do Brasil é Geraldo Alckmin”, acenou Doria.