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Com tropeço de Medina, surfista John John Florence fatura o bi mundial no Havaí

19 DEZ 2017 • POR GloboEsporte • 13h05
John John Florence conquistou o título mundial em casa - @WSL / Poullenot

Sempre foi o meu maior sonho vencer em casa". O desejo de criança virou realidade para John John John Florence na derradeira de 11 etapas do Circuito Mundial. Vice-campeão em Pipeline, no Havaí, o havaiano tornou-se o primeiro surfista desde Kelly Slater (2010 e 2011) a defender o seu título mundial de forma consecutiva. Desde a infância, John John era apontado como um possível campeão. A regularidade passou a acompanhá-lo em 2016, ano em que levou pela primeira vez o troféu, com uma etapa de antecedência, em Portugal. O bicampeonato diante da torcida, família e amigos foi ainda mais especial. Bandeiras de "Go John John" coloriram de vermelho as areias da mítica praia da ilha de Oahu. A conquista o consagrou como o primeiro grande ídolo do arquipélago desde o tricampeão mundial Andy Irons, último havaiano a vencer o Pipe Masters, em 2006.

- A preparação para este evento foi nervosa. Eu não sei nem o que dizer. Estou tremendo. Tantas pessoas estiveram ao meu lado neste ano. A jornada foi incrível. Foi um ano maravilhoso e eu estou amarradão. Eu acho que eu aprendi muito sobre mim mesmo neste último ano competindo com tanta pressão, especialmente, por ter vencido no ano passado. Este foi um ano que eu tive alguns altos e baixos, mas, na maior parte do tempo, me diverti bastante. Eu queria muito, muito, muito curtir cada momento - analisou Florence.

O havaiano assistiu às baterias da casa de seu patrocinador, em frente ao pico do campeonato. Após a confirmação do bicampeonato com a eliminação de Medina nas quartas de final no Havaí, a festa tomou conta dos jardins. John John foi abraçado pelos que acompanharam de perto a sua trajetória rumo ao topo, comemorou, estourou um champagne, mas, depois de um rápido gole, foi avisado que teria de voltar ao mar para surfar novamente e deixou o clima de festa. Ligou o modo competitivo e chegou até a final em Pipeline. Ele liderava a bateria decisiva até os últimos segundos, quando o francês Jeremy Flores conseguiu uma onda salvadora e ficou com a vitória.

- A sensação é de alívio. Estou amarradão de ganhar em casa. O apoio (torcida) tem sido incrível. E ganhar em casa.... Foi um ano bem divertido. Tenho que ir para a minha bateria? (Deu um gole em uma bebida, abraçou os amigos e voltou para o mar) - afirmou John John durante a comemoração em casa antes de voltar para a competição.

O havaiano assistiu de perto à derrota de Gabriel Medina para o francês Jeremy Flores, minutos depois de desbancar o australiano Julian Wilson pela mesma fase. Campeão mundial em 2014, Medina precisava vencer em Pipeline para faturar o bicampeonato. O sonho ficou pelo meio do caminho com uma derrota por 12.76 a 6.04 em uma bateria com poucas oportunidades. John John teve como adversário na semifinal Ian Gouveia, último remacescente do Brasil no Havaí. Para completar a festa, o havaiano avançou à decisão da etapa com uma virada no fim.

- Tentei fazer o meu melhor ao longo da temporada, tentei fazer o meu melhor aqui, mas infelizmente não deu. Estou muito cansado, dei o meu máximo hoje, vim para o Havaí para ser o campeão da etapa, mas o título ficou com o John John. É do jogo. Agora vamos pensar em 2018 - disse Gabriel Medina.

John John vence mais uma com autoridade

Confiante, John John aguardou mais de dez minutos para conseguir a primeira boa onda na bateria. Aproveitando bem uma direita, o havaiano saiu na frente do duelo contra Julian Wilson com um 7.50. Pouco depois, o havaiano usou a prioridade para achar um pequeno tubo de 4.50. A partir de então, o mar entrou em calmaria. Precisando de uma combianção de 12.00 para virar, Julian ainda viu o camiseta amarela surfar uma onda de 8.77, ratificando a vitória e a classificação à semifinal.

Precisando vencer Jeremy Flores para seguir com chances de título, Gabriel Medina entrou na água pressionado. Para piorar, o francês abriu a bateria com uma onda de 4.50. Ao nove minutos corridos, Medina foi para o seu primeiro tubo, mas a nota foi um modesto 4.77, insuficiente para a virada. A cinco minutos do fim, o paulista entrou em mais uma onda, mas caiu no meio do movimento. Para piorar, Jeremy ainda obteve um 7.33, deixando Gabriel a um 7.99 da virada. Precisando de um verdadeiro milagre para seguir com chances no Mundial, o paulista não conseguiu a onda salvadora, e o título da temporada ficou com John John Florence.

Ian Gouveia vai à inédita semifinal no Havaí

Precisando chegar à decisão do Pipe Masters para manter-se na elite, Ian Gouveia abriu as quartas de final num duelo imprevisível contra Joel Parkinson. O brasileiro saiu na frente com ondas de 4.83 e 1.70. O australiano respondeu com um 3.33 e um 3.07, insuficientes para a virada. A menos de dez minutos do fim, o australiano conseguiu um 5.07, tomando a dianteira da bateria. Só que o filho de Fabinho Gouveia não se deu por vencido. Numa das últimas ondas do confronto, Ian arrancou um 4.87, passando à semifinal.

Se Ian passou à semi, Italo Ferreira não teve a mesma sorte. O potiguar de Baía Formosa enfrentou o americano Kanoa Igarashi no fechamento das quartas de final e levou a pior. A vitória do surfista de ascendência japonesa foi por 9.57 a 8.67. Mesmo com a derrota, Italo está garantido na elite em 2018.

Baterias das quartas de final:

1. Ian Gouveia (BRA) 9.70 x Joel Parkinson (AUS) 8.40
2. John John Florence (HAV) 17.60 x Julian Wilson (AUS) 2.64
3. Jeremy Flores (FRA) 12.76 x Gabriel Medina (BRA) 6.04
4. Kanoa Igarashi (EUA) 9.57 x Italo Ferreira (BRA) 8.67

Baterias da semifinal:
1. Ian Gouveia (BRA) 12.33 x John John Florence (HAV) 12.56
2. Jeremy Flores (FRA) 12.20 x Kanoa Igarashi (EUA) 11.33