Polícia

Apartamento de piloto contratado para levar executores de Gegê do Mangue é no mesmo edifício do trip

1 MAR 2018 • POR G1/Santos • 12h55
No Solaris, em Guarujá, piloto de helicóptero tem um apartamento no 4º andar - Divulgação

Policiais revistaram um apartamento pertencente ao piloto Felipe Ramos Morais, de 31 anos, em Guarujá, no litoral de São Paulo, nesta quarta-feira (28). Ele é apontado como o piloto do helicóptero que foi utilizado nas execuções de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, de 41 anos, e Fabiano Alves de Souza, o Paka, de 38 anos, no Ceará.

A identificação do apartamento foi feita pela equipe da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Santos. Policiais solicitaram autorização à Justiça para fazer uma varredura no imóvel, uma vez que havia a suspeita de que ali eram guardados armamentos pertencentes a uma facção criminosa de São Paulo.

"Fomos lá e apreendemos alguns documentos. Não havia ninguém no local. Utilizamos uma chave reserva na portaria para acessar o imóvel. Fomos procurar armas, como fuzil, mas o apartamento estava vazio", contou o investigador-chefe da DIG, Paulo Carvalhal, que integrou os trabalhos de busca no local.

Os policiais também não receberam a informação de quando Felipe fez a última visita ao imóvel. Desde a emboscada, ocorrida no Ceará, ele é procurado pela polícia por entender que houve envolvimento do piloto. Felipe já foi preso por transportar 174 quilos de cocaína em um helicóptero que saiu da Bolívia.

O imóvel localiza-se no quarto andar do edifício Solaris, na praia das Astúrias. Trata-se do mesmo prédio onde uma cobertura tríplex é atribuída ao ex-presidente Lula, que acabou condenado pelo juiz Sérgio Moro por entender que o apartamento foi entregue pela construtora OAS como propina ao político. O ex-presidente nega que o apartamento seja dele.

A DIG também identificou que o piloto é o mesmo que Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) investiga por ter realizado um pouso não autorizado com passageiros em um campo de futebol de várzea em Praia Grande, também no litoral paulista, em julho de 2017, para comer em um restaurante fastfood. O incidente mobilizou equipes da Polícia Militar.

Na ocasião, as informações iniciais indicavam que os ocupantes haviam abandonado a aeronave e fugido. Horas depois, piloto e um casal retornaram informando que foram fazer um lanche e compras em um shopping nas proximidades. O caso foi parar na delegacia o helicóptero ficou retido até o amanhecer seguinte.

Imagens

O sócio do hangar onde ficou estacionado o helicóptero usado no crime que matou Gegê do Mangue e Paca entregou à polícia na terça-feira (27) imagens das câmeras que mostram os envolvidos no assassinato da dupla chegando ao local e saindo com a aeronave.

Segundo Paulo Jhon Garcês Moreira, sócio da empresa, durante o carnaval o proprietário do helicóptero ligou perguntando se tinha espaço no local para deixar a aeronave. Garcês afirma que não era a primeira vez que ele usava o serviço da empresa, e em dezembro já tinha estacionado no local.

No dia do crime, o grupo pegou o helicóptero e fez um primeiro voo, depois retornou para buscar mais bagagens e foi embora, segundo relata Garcês. De acordo com as investigações policiais, após pousar na reserva indígena de Aquiraz, onde ocorreu o crime, o helicóptero fez um pouso na cidade de Santo Antônio, no Rio Grande do Norte, por cerca de 20 minutos.

Bilhete

Um bilhete achado na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, reforça a suspeita investigada pelo Ministério Público de que os dois foram mortos no Ceará pelo PCC porque supostamente desviaram dinheiro da facção criminosa.

“Amigos aqui é o resumo do Pe quadrado [Penitenciária] e mais uns irmãos. Ontem foram chamados em uma ideias, aonde nosso ir [irmão] cabelo duro deixou nois [sic] ciente que o fuminho mandou matar os (...) o GG e o Paka. Inclusive o ir cabelo duro e mais alguns irs [irmãos] são prova que os irs [Gegê e Paca] estavam roubando”, informa o bilhete escrito a caneta num pedaço de papel.

Férias

Gegê do Mangue estava em Fortaleza há pelo menos seis meses. Em Aquiraz, cidade onde foi achado morto, Gegê era dono de uma mansão num condomínio de luxo e vários carros importados. Os criminosos usavam o período de férias no Ceará para reencontrar familiares. Há fotos de Paca em um famoso parque aquático do estado e em praias como Jericoacoara e Canoa Quebrada em janeiro de 2017.

De acordo com o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, o deslocamento do chefe da facção e do comparsa era feito sempre por aeronaves fretadas que saíam do Paraguai ou da Bolívia direto para o Ceará.