Esportes

Profissional do pôquer troca a mesa por empresa de gastronomia

5 FEV 2020 • POR • 20h09
Empresa que decidiu trocar de mesa diz que experiência ajuda a conviver com as perdas - Divulgação/LuisEsperanco

Empresária, dona de um restaurante em Goiânia. É assim que uma das estrelas do pôquer brasileiro se apresenta hoje, depois de nove anos como jogadora profissional, ser considerada a melhor jogadora do esporte da mente no Brasil e ter sido inspiração para outras mulheres praticarem o jogo de habilidade. Larissa Metran, de 31 anos, não abandonou o pôquer e disputou torneios do BSOP Brasília, a etapa de abertura do 15º Campeonato Brasileiro de Pôquer. Mas agora competições somente nas horas vagas.

Foi tudo precoce na carreira de Larissa. Ela começou a jogar pôquer em 2008 e dois anos depois foi uma das fundadoras do Steal Team, um dos maiores times de pôquer do País, que encerrou as atividades em 2015. Larissa conta que conheceu o esporte mental quase por acaso, achou interessante, diferente do tudo o que conhecia de esporte, que sempre foi a sua paixão. Bacharel em Direito, nunca exerceu a profissão porque se tornou profissional aos 20 anos.

"Eu sempre fui louca por esportes. Quando prestei vestibular, minha vontade mesmo era fazer educação física. Quando eu conheci o pôquer, um esporte muito competitivo, o desejo de uma carreira esportiva aflorou", conta.

A decisão de se profissionalizar não foi bem recebida pelos pais. "A reação foi péssima. Minhas duas irmãs cursaram medicina, estão meus pais esperavam que eu fosse uma grande advogada ou uma juíza". Larissa foi grande, mas no esporte da mente: cinco anos depois de se tornar uma jogadora profissional, Larissa alcançou o topo. Era unanimidade entre os especialistas do jogo de habilidade. "Peguei o pôquer no Brasil muito cedo, então sei que fiz parte da história de muitas meninas. Muita gente fala da influência e sinto-me honrada com isso".

Larissa conheceu a fama no pôquer e também seu marido, Evandro Vitoy, também jogador profissional, e com uma carreira de sucesso, pontuada por grandes conquistas. o 'casal 20' do pôquer brasileiro era um dos sócios do Steal Team, ao lado de João Bauer. Foram instrutores e treinaram mais de 300 jogadores.

A rotina árdua de estudos de um jogador profissional e as jornadas de até 12 horas diárias em jogos onlines foram minando a resistência de Larissa. "Fui perdendo o gosto pela vida de jogadora profissional. É muito cansativo, desgastante. Além disso, jogador profissional lida com perdas. Qualquer jogador, profissional ou recreativo, mais perde do que ganha. E lidar com isso é muito difícil, principalmente quando você está precisando do prêmio para sobreviver. Isso foi fazendo com que eu perdesse o gosto de estar ali diariamente".

Há dois anos, Larissa trocou a vida de profissional do pôquer pela árdua rotina de empresário. Administra um restaurante, mas mesmo no ramo da gastronomia o pôquer a acompanha: “Um elemento do pôquer que ajuda na gestão do meu negócio é conhecer a reação das pessoas. O André Akkari [brasileiro campeão mundial de pôquer] fala muito isso: conhecer pessoas. O jogador de pôquer fica com isso muito aguçado. Então, isso a ajuda também a lidar com funcionários. Outra influência do pôquer é saber lidar com as perdas”.