Mercados

Estado entra na era da energia de baixo carbono

17 AGO 2010 • POR • 13h55

“Estamos entrando na era das energias de baixo carbono”. A afirmação é do presidente da União da Indústria da Cana de Açúcar, Marcos Jank, enfocando o panorama das possibilidades que se abrem para a cultura e industrialização de cana de açúcar., um dos palestrantes do Congresso de Tecnologia na Cadeia Produtiva da Cana-de-Açúcar em MS (Canasul), evento realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, em Campo Grande (MS).

A referência ao carbono tem o apelo da sustentabilidade, uma vez que o etanol tem se mostrado uma das bandeiras nacionais mais significativas quando o assunto é preservação ambiental. Segundo Jank, desde março de 2009 o consumo de etanol superou o de gasolina no País. “Tenho a satisfação de dizer lá fora que no Brasil o combustível alternativo é o fóssil, pois o consumo maior é de biocombustível”, apontou. Um dos argumentos mais convincentes na defesa do etanol no âmbito internacional é justamente o ecológico, uma vez que o álcool de cana reduz em 61% as emissões de carbono em relação à gasolina, quando o álcool de milho atinge uma redução de 21%. “Essa comprovação é o passaporte (do etanol) para o mundo, mas o visto ainda são as tarifas, que dificultam e entrada do álcool produzido no Brasil no mercado externo”, pontuou.

Neste sentido, a mudança no comportamento do consumidor brasileiro pode servir de incentivo, uma vez que a exigência por carros flex obrigou fabricantes de veículos a se adaptarem ao mercado nacional. Por enquanto esta é uma característica interna, porque “flex lá fora é jabuticaba”, comparou, referindo-se à fruta que é essencialmente brasileira.

Jank traduziu na palestra o momento vivido pelo setor no Estado ao iniciar sua fala dizendo que o crescimento do setor sucroalcooleiro em Mato Grosso do Sul, que chega a 60% nas últimas safras, dá o ânimo que o setor não encontra em Brasília. Entre os fatores de otimismo está a produtividade nacional, que pulou de três mil litros na década de 1980, quando o Governo Federal implantou o Proálcool, para oito mil litros por hectare. “E temos tecnologia para chegar a 14 mil litros por hectare nos próximos anos”, destacou.

A bioenergia, produzida com palha e bagaço de cana, é uma das perspectivas mais promissoras que se desenham para o segmento sucroalcooleiro. A fabricação do chamado plástico de baixo carbono, um produto a base de etanol que concentra de 30% a 40% do elemento, é outra possibilidade. Segundo Jank, a Coca-Cola já fabrica no Brasil de modo experimental garrafas pet com o material, que futuramente deverá ter características biodegradáveis.

O crescimento do setor sucroalcooleiro deu o tom dos discursos na Canasul. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), Eduardo Riedel, conceituou o setor como “consolidado e em franca expansão” no Estado. Mato Grosso do Sul conta atualmente com 21 usinas, sendo que três estão em fase de implantação. O processamento de cana vai chegar a 38 milhões de toneladas na safra 2010, alimentando um setor que gera cerca de 30 mil postos de trabalho.

O presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia do MS (Biosul), Roberto Hollanda, e a secretária de Produção e Turismo (Seprotur), Tereza Cristina da Costa Dias, também destacaram a prosperidade do segmento, enfatizando que desde o primeiro Canasul , há quatro anos, o setor se consolidou como um dos mais importantes do agronegócio no Estado.