Líderes de bairros cobram explicações de Délia sobre ausência do PMDB nas eleições
Presidentes de associações de moradores de vários bairros de Dourados cobraram hoje (22) explicações da prefeita Délia Razuk sobre a decisão tomada segunda-feira pelo PMDB de não lançar candidato próprio à prefeitura nas eleições fora de época marcadas para o dia 6 de fevereiro de 2011. Délia era uma dos pré-candidatos do partido.
Durante a reunião, os líderes comunitários questionaram Délia Razuk sobre os motivos de o partido ter retirado a candidatura própria após encontro com o governador André Puccinelli, ocorrida na segunda-feira (20) em Dourados.
A prefeita respondeu que não será candidata e que por ser uma pessoa cristã, acredita que Deus sabe o momento certo para tudo, mas que esta foi uma decisão que partiu dos homens. Além de André, os deputados Marçal Filho e Geraldo Resende estiveram reunidos no auditório da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), após a inauguração de obras no aeroporto de Dourados.
Os líderes comunitários disseram que a decisão do partido ao qual pertence a prefeita interina em não lançar candidato próprio fere a democracia. Eles chegaram inclusive a sugerir a permanência de Délia Razuk no cargo, inclusive em razão da situação delicada do município.
Antônio Vieira, presidente da Associação de Moradores do Jardim Santa Maria, disse à prefeita que as lideranças comunitárias do município vão se mobilizar contra o processo eleitoral que, segundo ele, está sendo imposto à população. “Se é para fazer uma eleição com um candidato, então nem precisa fazer eleição. É só colocar o senhor Murilo no cargo e pronto, não precisa fazer o povo de bobo”, reclamou Antonio Vieira.
O líder comunitário disse ainda que a cidade precisa ter autonomia para escolher seus candidatos e solicitou da prefeita Délia Razuk que busque explicações com as lideranças do PMDB. “A senhora tem que falar com eles e saber por que a eleição vai ter só um candidato, por que não colocam a senhora ou outra pessoa para disputar no dia 6 de fevereiro. A senhora tem que perguntar e falar pra gente o motivo. Esta cidade é nossa. Nós somos representantes dos bairros e temos que saber o que está acontecendo”, afirmou.
Revolta
Já o presidente da Associação de Moradores do Jardim Novo Horizonte, Francisco Flávio Fernandes do Nascimento, foi além e disse à prefeita que o sentimento da maioria das comunidades dos bairros de Dourados é de revolta. “Ninguém consultou a gente sobre nada. Se é para os partidos se reunirem e colocarem um candidato só, então não precisa de eleição, vamos todos votar em branco. Nós, como lideranças, vamos em tudo que é lugar da cidade protestar contra isso", afirmou ele.
Francisco chegou a declarar durante reunião com Délia Razuk – cujo assunto em pauta nada tinha a ver com o processo eleitoral – que a população está se mobilizando numa forma de boicotar esta eleição. “Não queremos votar em candidato único. Estamos indo nos bairros, reunindo o povo para alertar as pessoas a votar nulo. Isso não é democracia e não vamos ficar quietos, não vamos ‘engolir tudo goela abaixo’, queremos uma eleição de verdade, ou então deixa como está”, comentou.
A prefeita ouviu as declarações de protesto, mas novamente afirmou que este é um processo que não depende dela, e que “Deus sabe o que faz”.