Opinião

OPINIÃO - Mourão: apoio e crítica construtiva

9 MAI 2013 • POR Rozembergue Marques • 18h17
"A prefeitura está lá e a Câmara está aqui”. Lida de forma apressada e descontextualizada, essa parece ser apenas uma obviedade. Não é. Essa lembrança foi feita pelo vereador Marcelo Mourão e mostra que esse jovem ex-narrador de rodeios e radialista pode não ter lido Montesquieu, o pensador que formulou a Teoria do Estado tri-partite, usado por praticamente todos os países democráticos e que estabelece a divisão de poderes entre executivo, legislativo e judiciário, mas sabe muito bem separar as coisas. Embora aliado e reitere de forma continuada seu apoio e confiança na gestão do prefeito Murilo, Mourão, a exemplo de raras exceções, tem se recusado a integrar o que na Câmara dos Deputados se convencionou chamar "baixo clero" e atuado de forma independente e corajosa, não confundindo fidelidade com vassalagem. Recentemente, fez um apelo: "Secretário Sebastião Nogueira, tire o pé do chão", em alusão à fraca atuação do secretário municipal de saúde, que sem exagero retórico está um caos em Dourados.

Mourão foi mais longe: apresentou requerimento solicitando o currículo de todos os secretários e integrantes do primeiro escalão da prefeitura. Outro mérito do jovem vereador, que ao contrário da maioria dos políticos faz mistério sobre seus objetivos, Marcelo sempre deixou claro que quer levar a garra que tem demonstrado na Câmara Municipal para a Câmara dos Deputados. No entanto, tem buscado alcançar esse legítimo projeto político sem colocar apaniguados na estrutura da prefeitura ou da Câmara (possui apenas os oito assessores que lhe assegura o regimento interno), não usa a tribuna apenas para tecer loas ao prefeito (uma característica da "bancada do bate-palma", que aprovaria de olhos fechados até um projeto em que Murilo estabelecesse que a terra é quadrada) e foi o autor da única lei de alcance social efetivo e que "acordou" Dourados para o problema da falta de compromisso e responsabilidade para com a saúde da população, que é a lei que obriga a afixação da relação dos médicos e responsáveis pelos plantões em todas as unidades de saúde da rede pública municipal, já conhecida como "Lei do Plantão".

Bom de oratória, atencioso com todos os segmentos e de uma franqueza lancinante, esse moço pode servir de exemplo para a "bancada do bate palma". Seu estilo ajuda o prefeito a corrigir rumos. É possível apoiar e ser fiel sem perder a compostura. Como Marcelo há poucos na Câmara. Se continuar nesse caminho, Dourados deve ganhar na próxima eleição seu primeiro deputado federal membro da Academia Douradense de Letras. É... Esse guri vai longe...