Opinião

Crônica em Retalhos: Jóia do Brasil

25 SET 2010 • POR Wilson Valentim Biasotto • 12h39

Dourados, a jóia: O hino à Dourados refere-se à nossa cidade como sendo uma jóia brilhante do Brasil. Composto por Armando da Silva Carmello, com melodia do maestro José Oliveira Silva, o nosso hino como, aliás, todos os hinos, é canto de exaltação e até de veneração, mas descontados alguns excessos, o hino à  Dourados reflete acima de tudo o desejo do autor de projetar a nossa cidade dentre as melhores do país.

Profecia: O nosso hino é uma espécie de profecia, feita por Armando Carmello. Penso que com razão, pois Dourados tem todos os predicados para ser verdadeira jóia brilhante. Não devemos nos envergonhar e nem nos entristecer por essa ruptura
verificada nesse momento em que grande parte da nossa representação política está desacreditada. È hora de reconstrução a partir das bases fabulosas que possuímos.

Nossa identidade: Em primeiro lugar é bom lembrar que a nossa identidade é constituída na diversidade. Nossa gente veio das mais longínquas partes do mundo e dos mais diferentes estados brasileiros para aqui edificarem essa bela cidade. A nossa
diversidade étnica proporciona-nos diferentes idiomas,  astronomia variada, músicas diversas, religiões de todos os credos, danças típicas, enfim, a diversidade faz de Dourados um cidade multicultural que nos enriquece.

A história: A história de Dourados está intimamente ligada a vários movimentos migratórios que nos trouxeram experiências das mais diversas. Índios, negros, brancos  orientais, todos nós aprendemos que as diferenças nos enriquecem que a convivência com etnias diversas favorece a paz, a tolerância religiosa, a compreensão que somos na verdade uma só raça, a raça humana.

A água, o céu e a terra: Temos abundância de água tanto no solo quanto no subsolo. A água, não nos esqueçamos, será em breve um dos maiores senão o maior patrimônio que um povo pode ter. Nosso solo é rico, nossas terras planas, perfeitamente apropriadas para a agricultura. Nosso céu (a nossa localização geográfica) oferece-nos um clima tropical de altitude e da mesma forma que o nosso solo, oferece todas as condições favoráveis para o nosso desenvolvimento econômico.

Planejamento ousado: Os nossos antecessores devem ser  respeitados e homenageados pelo que nos legaram. Devagar vamos fazendo isso, homenageando personalidades, mas homenageando também o coletivo, haja vista o caso do  monumento ao colono, ao ervateiro, as praças paraguaia, italiana e japonesa. Um dia haveremos de render tributos também aos nossos primeiros planejadores que nos brindaram com avenidas largas, arborização exuberante, preservação dos fundos de vale onde já estão implantados vários parques que nos proporcionam o status de cidade respeitadora do Meio Ambiente.

Plano Diretor: com a participação da sociedade a gestão passada elaborou um moderno Plano Diretor para a nossa cidade que nos possibilitará um desenvolvimento harmonioso, aliando o nosso desenvolvimento econômico ao nosso Índice de Desenvolvimento Humano.

Comércio e Indústria: Estamos preparados para o  desenvolvimento. Temos no comércio e na nossa industrialização emergente dois setores pujantes, geradores de empregos e que atraem toda a nossa região. Somos uma metrópole regional à espera de um novo arranque.

Pólo universitário: Poucas são as cidades que possuem duas  universidades Públicas e duas Instituições Superiores de Ensino Particular. UFGD, UEMS, UNIGRAN e ANHANGUERA, cada qual com as suas possibilidades e segundo as suas diretrizes, têm contribuído para que Dourados (e região) forme mão de obra especializada e massa crítica (cabeças pensantes) capazes de orientar o nosso desenvolvimento sustentável, ou seja, o tipo de desenvolvimento que alia progresso econômico com desenvolvimento social e respeito ao Meio Ambiente.

Nossas forças vivas: a sociedade organizada de Dourados, embora dividida ideologicamente, tem se mostrado muito atuante quando consegue envolver-se na busca de objetivos comuns. Tomemos por exemplo a construção do Hospital do Câncer,
anexo ao Hospital Evangélico, e este mesmo, edificado com a soma de forças de nossa sociedade. A UFGD, o maior projeto de Dourados após a implantação da Colônia Agrícola Nacional, a UEMS, que não obstante os cortes impostos pelo atual governo,
continua crescendo tanto horizontal quanto verticalmente, ou seja expandindo o número de vagas na graduação e ampliando a sua pós-graduação.

Rupturas: as rupturas constituem-se na interrupção de um  determinado processo. A atuação do prefeito Ari Artuzi na administração de Dourados foi um exemplo claríssimo dessa interrupção em nosso processo de desenvolvimento. Os danos
causados à gestão pública foram enormes, no entanto nada que não possa ser remediado.

Cidade Educadora: Os grandes projetos ficaram e podem muito bem ser retomados. Tudo o que nos aconteceu pode ser revertido, desde que consigamos unir forças em torno de objetivos comuns e promover uma articulação virtuosa entre a população, a administração local, regional, nacional e até mesmo internacional, sendo que nesse caso as portas da Associação Internacional das Cidades Educadoras ainda estão abertas para nós.

Os saltimbancos: Não por acaso lembro-me dos Saltimbancos, uma adaptação que Chico Buarque fez da peça “Os Músicos de Bremen”. As personagens da peça, depois de amargarem várias vicissitudes, depois dos dissabores da vida chegaram à brilhante conclusão que todos nós de Dourados deveremos também chegar: “Todos juntos somos fortes/somos flecha/somos arco/todos nós no mesmo barco/não há nada a temer/ao meu lado a o amigo/que preciso defender/Todos juntos somos fortes... não há nada a temer...

Suas críticas são bem vindas: biasotto@biasotto.com.br

O autor é membro da Academia Douradense de Letras;  aposentou-se como professor titular pelo CEUD/UFMS, onde, além do magistério e desenvolvimento de projetos de pesquisas, ocupou cargos de chefia e direção.