Política

Fazenda e BC tentam engatar "lua de mel"

20 JAN 2011 • POR Redação Douranews/ com folha.com • 10h18

Depois de viverem em guerra nos bastidores do governo durante a maior parte da gestão Lula, as equipes do Ministério da Fazenda e do Banco Central ensaiam uma reaproximação. A nova fase no relacionamento dentro da área econômica incluirá "conversas mais regulares".

O ministro Guido Mantega (Fazenda) avalia como implementar isso na prática.

Uma ideia inicial é retomar os almoços de conjuntura econômica que eram realizados toda terça-feira na sede do Ministério da Fazenda.

Os encontros estão suspensos desde o final de 2006 por causa dos desentendimentos. O ministro não definiu se o diálogo mais recorrente com o BC será institucionalizado num almoço ou terá outro formato.

O fim de disputas públicas de ministros foi uma determinação da presidente Dilma Rousseff nas conversas que teve com cada área.

O recado foi reforçado durante a primeira reunião ministerial na semana passada. Dilma deixou claro que qualquer divergência tem que ser resolvida internamente, "jamais pela imprensa".

PERFIL APAZIGUADOR

Como nos últimos anos o BC e a Fazenda não se entendiam e, nos bastidores, diziam-se vítimas de fogo amigo, para participantes da reunião, o alerta da presidente foi endereçado principalmente à área econômica.

Quando escolheu Alexandre Tombini para o BC ainda no governo de transição, Dilma levou em conta o perfil "mais apaziguador" do então diretor do BC.

O nome dele era bem aceito dentro da Fazenda e teve o aval de Mantega. Oficializados nos respectivos cargos, Mantega e Tombini mostram disposição de reverter a imagem pública de inimigos.

Por mais que tenham afinidades, avaliações dentro do governo são que é importante mostrar que isso existe de fato, na prática. O primeiro aceno público de bandeira branca veio de Tombini.

Questionado sobre o relacionamento com o colega da Fazenda, logo após sua posse, disse que "o diálogo entre os integrantes da equipe econômica existe, é intenso e há debate. Eventualmente contraditório, mas sempre respeitando as missões e responsabilidades de cada um".

Em conversas de equipe no Planalto, Tombini deixou claro que seu perfil é diferente do antecessor, Henrique Meirelles, e que não tem pretensão política. Quer autonomia, mas há espaço para debates dentro da área econômica e troca de ideias.

O tradicional almoço servia para ministros e técnicos trocarem informações sobre o momento econômico.

Ele começou a ficar indigesto em 2005 por causa da rixa entre Joaquim Levy, secretário do Tesouro Nacional à época, e Afonso Beviláqua, então diretor de Política Monetária do BC. Os desentendimentos foram reforçados pela má relação de Meirelles com Mantega, nomeado ministro no início de 2006.