Economia

Emprego entre os mais escolarizados cresce 59,8%

5 FEV 2011 • POR Redação Douranews, com Estadão • 11h56

O emprego no País cresceu, em oito anos, mais entre pessoas com maior nível de escolaridade. Levantamento feito com dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o número de pessoas ocupadas no mercado de trabalho com 11 anos ou mais de estudo atingiu 13,515 milhões em dezembro de 2010, 59,8% acima do apurado em dezembro de 2002.

Esse foi o mais forte aumento em todas as faixas de estudo, sendo 8% superior a dezembro de 2009. Ao mesmo tempo, caiu o número de pessoas empregadas com pouco ou nenhum nível de escolaridade. A população ocupada sem instrução ou com menos de um ano de estudo foi de 352 mil em dezembro de 2010, 35,9% abaixo da apurada em dezembro de 2002; e 10% abaixo da apurada em dezembro de 2009.

Para analistas, os dados mostram que a qualidade do emprego no País melhorou nos últimos anos. Mas fazem um alerta: os números mostram um cenário de demanda crescente por mão de obra especializada no Brasil. Para acompanhar esta procura, o País precisa investir, e rápido, na qualificação de mão de obra em todas as frentes do mercado de trabalho.

"Estes dados refletem, com certeza, a melhora na economia brasileira nos últimos anos", afirmou o economista-chefe da Sulamérica Investimentos, Newton Rosa. "O único segmento com menor qualificação, atualmente, é o de construção civil; mas nos outros setores, podemos perceber a interferência de novas tecnologias, que demandam mão de obra mais especializada", comentou o especialista.

Na prática, para Rosa, o crescimento no número de pessoas empregadas com maior qualificação estaria ligado a uma crescente necessidade de mão de obra com maior nível de estudo.

O mineiro José Carlos de Oliveira, de 33 anos, está se esforçando para integrar esse grupo de profissionais requisitados. Há dois anos ele cursa das 5h30 às 8h30, antes de ir para o trabalho, uma faculdade de Recursos Humanos. Oliveira chegou à capital paulista há dez anos já com o segundo grau completo e nunca ficou desempregado. Deixou a lavoura em Minas e hoje é auxiliar administrativo numa rede de hortifrúti. "Sempre quis ter uma vida melhor, e para isso sabia que precisava estudar"

Para o analista da consultoria Tendências, Rafael Bacciotti, o aumento no número de vagas mais qualificadas coincide com o crescimento no emprego formal no País. "Quando temos maior número de empregos formais, temos remuneração maior, mais estabilidade, e maior acesso ao crédito. É um efeito multiplicador na economia", afirmou.

Bacciotti não descarta uma continuidade em 2011 do atual cenário no mercado de trabalho, com crescimento de vagas mais especializadas; e trajetória crescente na formalização e na massa salarial. Mas faz uma ressalva: nem todas as consequências deste ambiente serão positivas na economia. "Com o aumento na massa salarial, a demanda no mercado interno, já aquecido, acaba se fortalecendo. Por um lado, isso é positivo para a economia. Mas tem uma pressão, dos aumentos de salários, que pode elevar a inflação. E isso é motivo de preocupação."