Polícia

Caso Bernardo: Quatro réus falam à Justiça pela primeira vez

27 MAI 2015 • POR Do G1/Douranews • 12h26

Depois de ouvir mais de 50 testemunhas, a Justiça vai interrogar nesta quarta-feira (27) os quatro acusados da morte do menino Bernardo Boldrini, então com 11 anos, em Três Passos, cidade gaúcha onde o menino vivia com a família. Quatro réus estão presos por envolvimento no crime: o médico Leandro Boldrini, pai da criança, a madrasta Graciele Ugulini, a amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, e o irmão Evandro Wirganovicz. O crime completou um ano em abril e chocou o país.

A audiência será realizada a partir das 9h30 no Salão do Foro da Comarca de Três Passos. Um forte esquema de segurança foi montado pelo Tribunal de Justiça e pela Brigada Militar, que terá o apoio do Pelotão de Operações Especiais (POE). Ruas próximas ao prédio começaram a ser fechadas pouco antes das 8h.

Ao longo da Rua General Osório, perto da esquina do prédio do Fórum de Justiça, bloqueada para o tráfego de veículos, é possível ver muitos cartazes em homenagem a Bernardo. Integrantes da “Corrente do Bem” se concentram em frente à loja de Juçara Petry, que cuidava de Bernardo e atualmente lidera a entidade criada para pedir justiça ao menino, sob uma chuva fina e insistente.

Bernardo desapareceu no dia 4 de abril de 2014, data em que foi morto. Seu corpo só foi encontrado no dia 14 de abril. Segundo as investigações da Polícia Civil, o menino morreu em razão de uma superdosagem do sedativo midazolan e foi enterrado em uma cova, na área rural de Frederico Westphalen, a 80 km de Três Passos. Graciele e Edelvânia teriam dado o remédio que causou a morte do garoto e depois teriam recebido a ajuda de Evandro para enterrar o corpo.

Até agora, o processo conta com 32 volumes e um total de 6,6 mil páginas. Considerando as testemunhas de acusação e defesa, 53 pessoas foram ouvidas em 18 audiências de instrução.

A audiência será conduzida pelo juiz Marcos Luís Agostini, titular do processo da 1ª Vara Judicial da Comarca, que vai decidir no começo da sessão a ordem em que os réus serão ouvidos. Será a primeira vez que os quatro acusados serão ouvidos pela Justiça desde o crime. Eles estão presos desde abril de 2014 e aguardam julgamento por crimes como homicídio qualificado e ocultação de cadáver, entre outros.

Os defensores de Graciele e Edelvânia chegaram a pedir dispensa do comparecimento delas na audiência. Porém, a Justiça negou e mandou que elas sejam levadas ao Fórum de Três Passos. Mesmo assim, os réus podem exercer o direito de permanecer em silêncio.

Encerrada esta fase, as defesas apresentam seus argumentos. Ao final, o juiz terá quatro opções: sentença de pronúncia (os réus vão ser julgados em júri popular), sentença de impronúncia (o magistrado considera que não há prova da existência do fato ou indícios de autoria e o processo é arquivado), absolvição sumária (réus inocentados) e desclassificação (em discordância do juiz com a acusação, o caso acaba sendo julgado em vara criminal).