Mundo

Brasileiro que dirigiu hospital da MSF bombardeado diz estar em choque

9 OUT 2015 • POR Do G1/Douranews • 19h59

O médico brasileiro Alexandre Fonseca Santos acordou no último sábado (3) com um telefonema de uma amiga da África do Sul. Do outro lado da linha, uma notícia chocante: o hospital onde os dois haviam trabalhado, em Kunduz, no Afeganistão, acabara de ser bombardeado.

Alexandre é integrante da organização Médicos Sem Fronteiras e foi diretor médico do hospital afegão em 2013. O trabalho durou cerca de nove meses.

Ao menos doze funcionários e dez pacientes foram mortos e vários outros ainda estão desaparecidos após o bombardeio, que foi realizado por um avião americano. O brasileiro diz que conhecia todos os profissionais que morreram.

“Eles eram meus amigos: o farmacêutico, o guarda, os médicos que morreram. Eram pessoas muito alegres, sempre fazíamos brincadeiras entre nós, eu conhecia a família de alguns", diz. Ele relata que mantinha contato com os amigos que fez lá pela internet e por telefone. "Um deles tinha acabado de se casar. Foi um choque. Senti raiva, tristeza. Foi um luto absoluto. Ficou até dificil dormir.”, conta ele.

Alexandre tem se comunicado com os colegas que sobreviveram ao ataque. Um deles contou que, ao ouvir as bombas, foi para a entrada do hospital e encontrou um dos médicos mortos no saguão, além de pacientes em macas com queimaduras decorrentes das bombas.

O ataque continuava – relatos afirmam que seguiu o bombardeio continuou por 30 minutos mesmo após militares dos EUA e afegãos terem sido informados sobre o ataque. “Ele foi até a UTI e correu para debaixo da antiga farmácia do hospital, que fica no porão. O médico que ficou na UTI morreu queimado junto com os pacientes.

Alexandre diz que ficou em choque. “Me senti impotente. Senti muita tristeza pelas vidas perdidas, pela violência do ato contra pessoas que estavam trabalhando”, diz ele.