O doleiro Marco Antônio Cursini, que a Procuradoria da República aponta como personagem-chave para manter de pé a Operação Castelo de Areia, movimentou US$ 20,7 milhões no exterior em conta de titularidade da offshore Goldrate Corporation - com sede nas Ilhas Virgens Britânicas e controlada por ele. Laudo da Polícia Federal (PF) mostra que o fluxo de recursos, supostamente de empresários e políticos, se deu entre janeiro de 2000 e junho de 2002.
Sob acusação de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação, Cursini foi condenado em 2009 a 3 anos e 3 meses de prisão, convertida em prestação de serviços comunitários impostos pela Justiça Federal em São Paulo, e multa de R$ 2 milhões.
Cursini é o autor da delação premiada que, na avaliação do Ministério Público Federal (MPF), pode ser a peça crucial para impedir o arquivamento da Castelo de Areia - investigação da PF sobre crimes financeiros atribuídos a três executivos da Construtora Camargo Corrêa. Em seu relato, ele confessou serviços que teria prestado para um ex-ministro do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontou nomes de políticos e citou Kurt Paul Pickel, doleiro que, segundo Cursini, fazia câmbio para os dirigentes da empreiteira.
Na próxima terça-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) retomará julgamento do habeas corpus 159159/SP, por meio do qual a defesa da Camargo Corrêa pretende trancar o processo judicial sob alegação de que os executivos não cometeram crime e que interceptações telefônicas e outras medidas invasivas foram autorizadas pela 6.ª Vara Criminal Federal em São Paulo com base exclusivamente em denúncia anônima.
A Procuradoria afirma que a delação de Cursini, feita em 2007, também deu sustentação à Castelo de Areia. A defesa, porém, alega que o depoimento do doleiro foi ocultado pela 6.ª Vara e que a Procuradoria tenta "confundir" os ministros do STJ. Cursini não retornou contato com a reportagem. Seu advogado, Antônio Figueiredo Bastos, também não se manifestou.