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Dólar tem dia volátil, mas fecha em leve baixa com fluxo externo

13 janeiro 2021 - 21h57

O dólar teve um pregão volátil nesta quarta-feira, 13, mas com oscilações mais contidas que nos últimos dias. Com noticiário morno em Brasília e com os participantes do mercado monitorando as notícias sobre vacinas e o Congresso em Washington, em discussão do impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o câmbio oscilou principalmente com os fluxos de capital. Captações externas e aportes de estrangeiros na Bolsa ajudaram a retirar pressão do real, mas com a moeda americana se sustentando acima de R$ 5,30, na medida em que o risco fiscal e dúvidas sobre a vacinação contra a covid seguem limitando uma melhora mais forte da moeda brasileira. No fechamento, o dólar à vista terminou o dia em leve queda de 0,23%, a R$ 5,3106. No mercado futuro, o dólar para fevereiro cedeu 0,42%, a R$ 5,3035. Os estrangeiros continuam aportando recursos no Brasil, conforme mostraram nesta quarta dados do Banco Central. O País registrou fluxo cambial positivo de US$ 1,309 bilhão em janeiro, até o dia 8. Na B3, já entraram R$ 13,1 bilhões. Além deste fluxo, empresas brasileiras seguem captando no exterior. Na terça à noite, o Itaú fechou emissão de bonds de US$ 500 milhões. Marfrig e Simpar estão no mercado para emitir bônus, mas os recursos vão ser usados para recomprar papéis de emissões anteriores, ou seja, não devem entrar no Brasil. Apesar do fluxo, a percepção de que as pressões de aumentos de gastos podem resultar na prorrogação do auxílio emergencial voltou ao radar do mercado, comenta o economista-chefe da JF Trust Gestão de Recursos, Eduardo Velho. Com isso, câmbio e a curva futura de juros ficaram pressionados e o dólar, quando cai muito, atrai compradores. Além disso, a elevação dos yields (retornos) dos Treasuries americanos ajuda a pressionar ainda mais o dólar, que nesta quarta voltou a subir de forma quase que generalizada nos emergentes e perante moedas fortes. Real e lira turca foram uma das poucas exceções. A analista responsável por Brasil na agência de rating Moody's, Samar Maziad, alertou nesta quarta que as pressões para aumentar programas e gastos sociais permanecem no Brasil neste começo de 2021, mas considerando as amarras fiscais e constitucionais, será difícil elevar estas despesas legalmente. "Riscos de gastos acima do teto em 2021 certamente permanecem", disse em evento da Moody's, alertando que esse fator, junto com o atraso nas reformas, pode afetar negativamente o rating brasileiro. Taxas de juros Os juros recompuseram os prêmios na sessão desta quarta-feira, dia em que o investidor centrou as atenções para o noticiário doméstico. A pressão da etapa da manhã, derivada da pesquisa de serviços acima do teto das projeções, se somou, à tarde, pelo mau humor quanto ao recrudescimento da pandemia de covid-19 no Brasil e ao temor de pressões fiscais vindas de um eventual novo fechamento no País. O mercado monitora também a movimentação de grupos isolados de caminhoneiros que ameaçam uma greve em 1º de fevereiro. O salto de 2,6% do volume de serviços prestados no mês de novembro surpreendeu o mercado logo na abertura, uma vez que o intervalo do Projeções Broadcast mostrava alta de 0,1% a 2,1% na margem. O dado de outubro também foi revisado de 1,7% a 1,8%. Em relatório enviado a clientes no período da tarde, a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, destacou que os segmentos de serviços que mais tiveram alta estão ligados à volta da mobilidade. "Esse dado deve contribuir para novas revisões positivas para o PIB em 2020 e para a redução da taxa de desemprego de maneira mais acelerada que o esperado anteriormente", disse. Uma atividade mais forte no encerramento de 2020 corroborou, nesta sessão, a uma visão de que a política monetária pode ser mais dura para conter uma eventual alta da inflação. Não à toa, embora com alta em todos os trechos, o intervalo de curto e médio prazo, mais sensível à decisão sobre Selic, foi o destaque de aceleração nesta quarta. Assim, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 saltou de 3,155% na terça a 3,255% (regular) e 3,28% (estendida). O janeiro 2023 foi de 4,816% a 5,035% (regular, na máxima, taxa mais alta desde o fim de novembro) e 5,04% (estendida) . O janeiro 2024 foi a 6,035% (regular) e 6,02% (estendida). Há também uma preparação do mercado ao leilão do Tesouro da quinta-feira cedo, que tende a estressar as taxas. Haverá oferta de LTN para 1º/10/2021, 1º/1/2023 e 1º/7/2024, de NTN-F para 1º/1/2027 e 1º/1/2029 e de LFT para 1º/3/2022 e 1º/3/2027. Na parte mais longa da curva, o janeiro 2027 avançou de 7,114% a 7,28% (regular e estendida). Aqui o destaque ficou para o noticiário mais ligado à pandemia e à política. Perto das 14 horas, o governo paulista adiantou a próxima revisão do Plano São Paulo do dia 5 de fevereiro para esta sexta-feira, 15 de janeiro, num sinal lido pelo mercado de que medidas de restrições devem ser reimpostas. Até a terça, o Estado concentrava 1.561.844 dos 8.195.637 casos de covid no Brasil (19% do total) e 48.662 das 204.690 mortes (23,7%), de acordo com o Ministério da Saúde. Bolsa O Ibovespa se aproximou de perder os 121 mil pontos na mínima da sessão, mas conseguiu se sustentar bem perto dos 122 mil na segunda realização de lucros da semana, após o tiro de 5% ao longo da primeira de 2021. Assim, em dia de vencimento de opções sobre o índice, a referência se alinhou um pouco mais ao desempenho de Nova York neste começo de ano, embora ainda adiantada em relação ao que Wall Street tem mostrado desde que renovou máximas históricas na virada do ano, movimento estendido também na B3 na semana passada. Nesta quarta-feira de expectativa para a votação do impeachment de Trump na Câmara dos EUA - aprovado pouco depois do fechamento dos mercados -, de atenção à progressão do covid no mundo, bem como a variantes do vírus como a encontrada no Amazonas, e de espera pelo início da vacinação por aqui, agora estimada para janeiro, o Ibovespa fechou em baixa de 1,67%, a 121.933,08, com mínima a 121.015,60 e máxima a 124.031,68 - uma variação de pouco mais de 3 mil pontos entre o piso e o teto do dia. O giro financeiro totalizou R$ 63,0 bilhões neste dia de vencimento. No ano, o Ibovespa limita agora os ganhos a 2,45%, com perda de 2,51% nesta segunda semana de 2021. "Tivemos uma realização natural nos principais ativos, Vale e Petro, que têm andado bem", diz Victor Lima, analista da Toro Investimentos. "Vale e Petrobras, juntas, representam mais de 15% da carteira teórica do índice. Impactam as ações das companhias os anúncios de lockdowns em quatro cidades na China, que viram aumento no número de infecções pelo coronavírus", aponta Júlia Aquino, especialista da Rico Investimentos. "O mercado já vê a possibilidade de que grande parte da recuperação de lucros das empresas, esperada para o primeiro trimestre, seja prejudicada pelos bloqueios e as restrições de mobilidade em vários países, com potencial para atrasar a retomada da economia, globalmente", acrescenta a especialista. Assim, nesta sessão, as perdas na B3 predominaram em empresas e setores, mas alguns conseguiram se afastar do movimento de correção, como MRV (+4,39%), PetroRio (+3,90%), Eneva (+3,67%) e Cosan (+2,15%), na ponta do Ibovespa na sessão. No lado oposto, Usiminas cedeu 6,07%, Banco do Brasil ON, 4,94%, Petrobras PN, 4,83%, e CSN, 4,81%. Ainda entre as blue chips, destaque também para Vale ON, em queda de 2,99% no fechamento, e para Petrobras ON (-4,62%). "Havia a animação no fim do ano com o início da vacinação em vários países, o que favorece a normalização gradual da atividade econômica, mas agora está se virando a chave, na medida em que fica bem clara a dificuldade, o desafio logístico imenso da vacinação em massa e concomitante em várias partes do mundo", observa Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos, que menciona também fatores de risco imediatos, como a transição de poder em Washington - como ficará a relação republicanos-democratas após os extremismos de Trump, e a dimensão do pacote fiscal que poderá de fato ser aprovado -, assim como os efeitos sobre o diálogo Estados Unidos-Brasil.

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