A decisão do Comitê Científico do Consórcio Nordeste de recomendar a proibição de festas de réveillon e carnaval na região pode ter decepcionado os foliões, mas agradou aos especialistas em saúde.
É uma temeridade imaginar que pudéssemos ter festas e aglomerações diante de um quadro que ainda exige a observância ao distanciamento e ao uso de máscara, inclusive para evitar a disseminação da variante ômicron.
Sabemos que uma pandemia é dinâmica, os números mudam rapidamente, mas algumas certezas que temos hoje nos remetem a pensar em carnaval apenas para 2023.
O Brasil deve terminar o ano com mais de 615 mil mortos pela Covid-19, além de 22 milhões de pessoas infectadas. A redução do número de novos casos não justifica o relaxamento que seria a liberação do carnaval.
Mesmo com o avanço da vacinação entre nós, é preciso lembrar que a pandemia é mundial e atravessa fronteiras. Temos hoje a variante ômicron, que chama atenção por sua alta capacidade de mutação. Os vírus são agentes que podem ser altamente mutagênicos, ou seja, tem a capacidade de sofrer modificações em sua estrutura para enganar o sistema de defesa da pessoa infectada.
O Brasil não tem condições de passar por mais uma onda de mortes, internações e miséria.
* É professor titular de cardiologia da Faculdade de Medicina da USP e diretor do InCor e hospital Sírio Libanês