A JIPE (Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes) do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês) divulgou, na quarta-feira (2/3), relatório em que elogia as ações implementadas nos últimos anos pelo governo brasileiro para garantir um maior controle sobre as fronteiras e combater o uso e o tráfico de drogas no país.
O relatório, divulgado simultaneamente no mundo todo, faz um balanço das ações desenvolvidas pelos países para implantar convenções internacionais referentes ao controle de drogas lícitas e ilícitas. Apesar do reconhecimento às ações brasileiras, a JIFE destacou que nada enfraquece mais o combate ao tráfico e ao crime organizado do que a corrupção. "Quem aceita propina já se entregou, já faz parte do sistema", destacou o representante da UNODC para o Brasil e o Cone-Sul, Bo Mathiasen.
O relatório da JIFE também demonstrou preocupação com o consumo de crack no país, mas destacou as ações implementadas pelo governo brasileiro no combate ao problema, como a implantação do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas e o fortalecimento do patrulhamento de fronteiras. "Nenhum país pode enfrentar sozinho o combate à produção e ao consumo de drogas", reforçou o representante, que recomendou adoção de tolerância zero em casos de corrupção de agentes públicos.
Presente à divulgação do relatório, a Secretária Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, Paulina Duarte, disse que o Brasil vem desenvolvendo ações para diminuir a disponibilidade de substâncias ilícitas.
Ela informou ainda que o país está realizando o maior levantamento mundial sobre uso de crack, que vai ouvir 25 mil pessoas em todo o Brasil. "Hoje não temos dados que possibilitem afirmar que houve aumento no consumo de crack, apesar de termos indicadores disso, como o aumento nas apreensões de pasta base de cocaína e o aumento da procura por tratamento nas redes de saúde e assistência social", explicou Paulina.
Dados preliminares do estudo devem estar disponíveis a partir de abril, estima a secretária. Ela destacou ainda as ações de capacitação de profissionais, feitas de acordo com protocolos de atendimento da Organização Mundial de Saúde, e de policiamento de fronteiras, em parceria com países vizinhos, como o Peru e a Bolívia.
Representante da Diretoria de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Oslain Campos Santana informou que nos últimos três anos todos os policiais formados pela PF foram destacados para áreas fronteiriças, num contingente aproximado de dois mil homens. "Nesse período também desenvolvemos a investigação de organizações criminosas e fortalecemos parcerias com países vizinhos para treinamento, troca de informações e inteligência", destacou Santana.