Em uma cerimônia com desfile de delegações e acendimento da pira, os Jogos Universitários Brasileiros foram abertos na noite de ontem (3), em Cuiabá, com a missão de representar a continuidade da formação esportiva brasileira. Na solenidade, o secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social, Leandro Fróes, destacou que o ciclo de grandes eventos esportivos se encerrou e que agora é preciso dar início a um novo período.
"Tem um legado que é imaterial, que é o mais importante. Que é investir na formação do atleta brasileiro, na formação do esporte e na formação da juventude brasileira", disse Fróes. Afirmou que o JUBs e a Confederação Brasileira do Desporte Universitário (CBDU) são grandes condutores desse legado.
A competição irá até o dia 12 de novembro e reúne representantes dos 26 estados e do Distrito Federal em 17 modalidades, que, pela primeira vez, incluirão o paradesporto. Os organizadores estimam que 3 mil atletas devem competir, e o número de participantes sobe para 4,5 mil quando incluídas as comissões técnicas das delegações.
Medalhista carrega bandeira
Na cerimônia de abertura, as delegações entraram no Ginásio Aecim Tocantins com as bandeiras de seus estados, e a bandeira brasileira foi carregada pelo medalhista olímpico do taekwondo na Rio 2016, Maicon Andrade.
O presidente da CBDU, Luciano Cabral, destacou, em seu discurso, que 55% das medalhas da olimpíada do Rio de Janeiro foram conquistadas por atletas que fizeram parte do desporto universitário ao longo de suas carreiras.
"A CBDU não entende como formar um campeão sem dar instrução, sem dar educação. O atleta olímpico com formação tem melhor performance. O mundo todo faz isso. Temos que vencer aquele discurso equivocado de que atleta não estuda", diz ele. "O futuro vai ser observar o esporte no ambiente educacional como saída para o esporte e para a educação no país".
Luciano apontou que o brasileiro se habituou a valorizar o jovem sem acesso à educação que se destaca no esporte, fica rico e se torna um herói. Por sua história de superação, esse personagem se tornou uma das principais referências para atletas de todas as classes sociais, o que precisa ser repensado, na visão do presidente da CBDU.
"A gente precisa mostrar que esse é um em um milhão. A gente precisa forjar novos heróis, que são heróis que estudam, o cara que é campeão olímpico e vai ser advogado, jornalista, médico", exemplifica.
O secretário-adjunto de esporte e lazer do estado do Mato Grosso, Pedro Luiz Sinohara, comemorou a chegada do evento a Cuiabá e convidou os visitantes a conhecer o estado, como a Chapada dos Guimarães, cachoeiras e o pantanal. "Que possam aproveitar nossas belezas naturais", disse.
Nadador acende a tocha
Nascido em Mato Grosso, o nadador Luiz Pedro Pereira, conhecido como Pepeu, entrou no ginásio com a chama que conduziu até a pira do JUBs. O estudante de gestão de qualidade vai participar da competição pela sétima vez e, aos 25 anos, já coleciona 17 medalhas nos jogos.
"A vivência aqui é muito boa. Me proporcionou conhecer várias cidades, culturas e pessoas. Se eu ficasse só no meu curso e na minha cidade, ficaria limitado", conta ele, que também carregou a chama olímpica quando o revezamento da tocha passou por Cuiabá.
Nadador profissional, ele já treinou em Portugal, Estados Unidos e África do Sul e chegou a cursar educação física, mas optou por uma carreira diferente do esporte na sua formação acadêmica.
"Estava ficando saturado de viver noite e dia na mesma área e decidi dar uma variada. [A área] também tem vínculos com os negócios da família", conta ele ao portal EBC.