Sete meses depois de licitar a reforma do Maracanã por R$ 705 milhões, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), admitiu ontem que as obras no palco da final da Copa de 2014 podem custar quase 50% a mais.
Depois de visitar o estádio com ministros e técnicos do TCU (Tribunal de Contas da União) e da CGU (Controladoria Geral da União), o governador anunciou a inclusão de mais uma conta milionária na reforma --a demolição da cobertura atual.
De acordo com Cabral, a marquise foi condenada por problemas estruturais.
Ele não divulgou o valor da empreitada. Disse que será erguida no local uma cobertura semelhante a do moderno Allianz Arena, de Munique. Segundo o governador, a nova marquise suportará por mais "50 anos".
"Desde o final da licitação, ocorreram muitas mudanças, a Fifa fez algumas exigências, tivemos o problema na cobertura", disse o governador, sobre o aumento do custo da obra. Por lei, nas reformas de obras públicas, é permitido o estouro de até 50% do orçamento.
Na visita ao estádio, o ministro da CGU, Jorge Hage, informou que o Rio terá de apresentar até 15 de maio o orçamento final do estádio.
"O governo estadual terá que mostrar esses números bem amarrados e sem variações. Não vamos permitir um estouro maior que 50%", declarou Jorge Hage.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai financiar a reforma do estádio. O banco estatal investirá até R$ 400 milhões na obra. Se o Estado do Rio de Janeiro não respeitar o orçamento, corre o risco de ficar sem a verba federal.
Por enquanto, o governo estadual está arcando com os custos da empreitada. "Garanto que não vamos ultrapassar os 50% permitidos pela lei", afirmou Cabral.
No mês passado, relatório do TCU elaborado pelo ministro Valmir Campello classificou como quase uma "mera peça de ficção" o projeto do estádio do Maracanã. Ontem, Campello afirmou que Cabral prometeu apresentar, no próximo mês, o projeto executivo da obra.
Caso o novo Maracanã custe R$ 1,1 bilhão, o valor gasto pelo governo estadual no estádio será três vezes maior do que o desembolsado pela Prefeitura do Rio para erguer o Engenhão, principal arena construída para o Pan-Americano de 2007.
Esta será a segunda grande reforma no Maracanã em menos de cinco anos. As obras deverão durar até dezembro de 2012.