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Videochamada aproxima paciente oncológico com covid da família

07 janeiro 2021 - 15h39

Pacientes oncológicos com casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (covid-19) e que estão internados no Hospital do Câncer IV (HCIV), unidade do Instituto de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) responsável por cuidados paliativos, ganharam um novo meio de manter contato com suas famílias no período de isolamento imposto pela doença.

Em função do alto risco de contágio, as visitas e a permanência de acompanhantes foram proibidas no HCIV. Com isso, a instituição criou o Time de Comunicação e Acolhimento, constituído por profissionais das áreas assistenciais, que passaram a realizar um contato virtual diário com os familiares dos pacientes, para atualização do quadro clínico.

A diretora da unidade, Renata Freitas, disse que o HCIV recebe pacientes com câncer das outras três unidades assistenciais do Inca que não evoluíram para cura ou que evoluíram com agravamento clínico e não conseguem mais manter o tratamento para combate do câncer. “Aí, a gente faz a parte do acompanhamento dos cuidados paliativos. A gente recebe o paciente com doença avançada, mas isso não significa que ele está em fim de vida. Vai depender da história natural de cada paciente”.

Maior dimensão

O movimento da videochamada já era adotado pelo HCIV, mas ganhou uma dimensão maior agora por conta dos pacientes oncológicos que foram infectados pelo coronavírus. “Com a questão da infecção pela covid, eles precisavam ficar em isolamento completo de suas famílias. Nós somos uma unidade que preserva o contato da família. A gente mantém o acompanhante lá durante 24 horas. Ele pode ficar lá mesmo durante a internação, mesmo com o agravamento da situação. A gente estimula que a família fique com o doente na internação”.

A médica explicou porém que com os pacientes infectados pela covid, isso não poderia acontecer. E as videochamadas são uma forma de humanizar o isolamento. “Muitos desses pacientes que tinham um câncer avançado acabaram evoluindo a óbito por conta da infecção da covid. A gente sabia que, no momento da internação, era o último contato que ele teria com a família, que não poderia nem visitar nem acompanhar. Como sabíamos que essa internação apresentava um alto risco de óbito, aproximar as famílias para que pudessem visitar virtualmente os doentes tornou-se um imperativo no HCIV nesse momento”.

A partir do momento em que o paciente autoriza o contato online com os familiares, a equipe médica agenda o dia e o horário, para que a interação entre o paciente e a família aconteça via aplicativo de vídeo por meio do WhatsApp, do Skype ou um similar. As chamadas são acompanhadas por uma psicóloga para intervenção terapêutica, caso haja necessidade.

Continuidade

Renata Freitas informou que 74 famílias já utilizaram a ligação até o momento. A diretora acredita que a iniciativa terá continuidade após a pandemia, porque o impacto positivo foi muito grande. 

A ação faz parte de um projeto de pesquisa que passou pelo Comitê de Ética de Pesquisa do Inca. Agora, estão sendo feitas entrevistas com as famílias que participaram das videochamadas para saber o impacto disso em suas vidas. 

“O que as famílias estavam achando antes de terem a condição da videochamada e após a iniciativa, o que isso mudou na dinâmica das famílias por conta do paciente que ficou isolado”. A resposta tem sido muito positiva, disse Renata.

Ela disse que a videochamada teve importância significativa na vida dos familiares dos pacientes oncológicos infectados pela covid-19. “Muitos porque era a última vez que estavam vendo o doente que estava internado e o desfecho foi o óbito e eles não puderam rever presencialmente esse paciente”. 

A diretora do HCIV lembrou que existem muitos pacientes cujas famílias residem longe, fora do Rio de Janeiro, uma vez que a unidade de cuidados paliativos recebe pacientes de todo o Brasil para serem tratados e muitos deles não conseguem retornar às suas cidades natais. “A gente acredita que a questão da tecnologia vai favorecer também esses casos e não só os pacientes que estão em isolamento”. A percepção de Renata Freitas é que essa estratégia deve permanecer e ser fundamentada para todos os pacientes do HCIV.

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