Neste mês de setembro de 2012, mais precisamente no dia primeiro, completaram se dois anos da operação “Uragano”, o furacão que limpou a quadrilha de Ari Artuzi da prefeitura de Dourados. Após aquele escândalo político que sujou ainda mais a imagem da segunda maior cidade do Estado, tivemos uma eleição extemporânea para preencher o tempo que faltava para o encerramento do mandato do prefeito previsto pela lei.
Aquela eleição de 2011, foi extemporânea, apenas para o executivo, praticamente não houve campanha e não foi o suficiente para medir com segurança o grau de insatisfação da população. Neste pleito teremos a eleição pra preencher os cargos do executivo e legislativo (prefeitura e câmara de vereadores). A campanha eleitoral está chegando à reta final e a disputa em Dourados está acirrada, especialmente pelas dezenove cadeiras da câmara.
Tenho acompanhado a campanha eleitoral bem de perto e coletado tudo que posso de material impresso dos candidatos. Encontrei propaganda eleitoral de candidatos envolvidos nos escândalos de corrupção desvendados pelas operações “Owari” e “Uragano”, levadas a cabo pela Polícia Federal e Ministério Público de Dourados, nos anos de 2009 e 2010. Será que o eleitor douradense ainda lembra-se delas e dos denunciados?
Agora, o que deixa a desejar nos materiais impressos distribuídos é a falta de propostas e histórico de vida dos candidatos, especialmente dos vereadores. Na maioria das vezes a propaganda constitui-se de uma foto shop, onde o candidato aparece rejuvenescido, e o número dele. Isso é muito pouco para quem deseja galgar cargo público eletivo. Essa tática, com sinceridade, não é a melhor maneira para conquistar o voto do eleitor consciente, especialmente o de Dourados, calejado pelos maus exemplos recentes deixados por políticos salafrários e ladrões do dinheiro público.
A falta de currículo também aparece nos materiais dos majoritários. Claro que determinados candidatos são conhecidos, disputaram e exerceram mandatos e cargos públicos. Agora, “marinheiros” de primeira viagem precisam no mínimo explicar para o eleitorado, onde nasceu, onde estudou e se formou, há quanto tempo mora na cidade e o que fez para a população. Não adianta só distribuir o material com as propostas dizendo que vai fazer isso e aquilo. Outra coisa feia é colocar no material o site da campanha, você vai lá tenta, tenta, insiste acessar e nada, não existe. O eleitor precisa conhecer o passado do candidato, e o mínimo que uma pessoa de boas intenções deveria fazer ao publicar seu material de campanha era divulgar seu passado de vida.
Nas principais vias públicas da cidade, aquelas de mais movimento, a propaganda eleitoral toma conta dos canteiros centrais, é bom que o candidato mostre a cara, mas isso também é insuficiente, muito pouco para se definir o voto. A revista Galileu, edição de setembro de 2012, informou que nessas eleições no Brasil são 447.758 candidatos a vereador e 82% deles não fizeram faculdade e não sabem o papel de um legislador municipal, conforme a definição dada pela Constituição federal de 1988 em vigor em nosso país. Cuidado eleitor, você pode se deparar com candidato a vereador prometendo construir asfalto, posto de saúde, creche, etc,. Lembre-se, as principais funções do vereador são legislar e fiscalizar.
Outra preocupação é a compra de voto. Isso é crime. E nesse caso, tanto é criminoso o que compra o voto, como o que vende. Ao ser indagado por alguém interessado em comprar seu voto, pense rápido e pergunte a si mesmo. De onde está vindo o dinheiro? Um exemplo: poderá estar vindo do narcotráfico. Agora, imagine se o tal for eleito, o compromisso dele é com você, ou com traficante que financiou sua campanha? Como disse antes, o eleitor douradense está calejado, espero que não caia mais no conto da mentira e falsidade. O momento é de muita seriedade e reflexão. Vamos escolher com prudência e acompanhar o mandato dos eleitos, sem titubear um segundo sequer.
*O autor é professor da rede estadual de ensino de MS. E-mail: [email protected]