Os agentes da Polícia Federal e agentes da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), do Paraguai, estão intensificando ações na fronteira Brasil/Paraguai com o objetivo de evitar que traficantes que fugiram do Complexo do Alemão saiam do país e ingressem em território paraguaio. Os pontos mais visados são as cidades de Coronel Sapucaia/Capitán Bado e Ponta Porã/Pedro Juan Caballero.
A maior facção do tráfico carioca, em associação com uma quadrilha paulista, domina cerca de 70% das áreas de plantio de maconha nas duas cidades do Paraguai.
As autoridades paraguaias temem que com as ações desencadeadas no Rio de Janeiro, o traficante Marcelo da Silva Leandro – Marcelinho Niterói – transforme a região num reduto de foragidos das favelas que foram ocupadas pelas Unidades de Pol~icia Pacificadora.
O superintendente da Polícia Federal em Campo Grande, delegado José Martins Lara, informou que foi intensificado o cerco aos criminosos na região de fronteira, baseadas em informações dos serviços de inteligência dos dois países.
“Sabemos que traficantes do Rio atuam na região da fronteira, principalmente nas cidades de Capitán Bado e Pedro Juan Caballero. O trabalho conjunto com a Senad vem rendendo resultados positivos”, comentou Lara.
Menos apreensões
Desde 2008, quando foi implantado o acordo bilateral Brasil/Paraguai de combate ao tráfico, as apreensões vêm diminuindo, disse o delegado José Lara, o que comprova o acerto do trabalho desenvolvido. Segundo ele, no primeiro ano de operações foram apreendidas 78 toneladas de maconha na região. No ano seguinte, esse número foi reduzido para 45 toneladas, e para 2010 há uma tendência de queda, haja vista que até outubro, foram recolhidas 30 toneladas.
Uma das razões dessa redução, segundo o superintendente, é o plano de erradicação nas áreas de plantio. “Estamos realizando a sétima fase da Operação Aliança, um trabalho integrado no qual a PF fornece recursos financeiros e a logística (veículos e helicópteros), além de equipes que atuam juntamente com policiais paraguaios na destruição das plantações. Os dados de inteligência que apontam as áreas de plantio são fornecidos pela Senad”, comentou..
José Lara admite ainda que os bandidos envolvidos na exploração do plantio de maconha na região contam com um arsenal, mas lembra que há pouco mais de duas semanas, uma ação conjunta da PF e da Senad resultou na apreensão de armas e munição na fronteira da cidade brasileira de Coronel Sapucaia (MS) com Capitán Bado, principal reduto do bando de Marcelinho Niterói.
Aliado de Fernandinho Beira-Mar, que cumpre pena na penitenciária Federal de Campo Grande (MS), Marcelinho Niterói comanda o consórcio das facções carioca e paulista. Foi ele, segundo investigações da PF e da Subsecretaria de Inteligência do Rio, que transformou os complexos do Alemão e da Penha em principal entreposto de distribuição de drogas às favelas aliadas.
Bandido circula em carro blindado e com seguranças
A Senad paraguaia classifica Marcelinho Niterói como o principal articulador de Beira-Mar na região. Dados da secretaria antidrogas revelam que, quando está em Capitán Bado, Marcelinho circula em veículos blindados, protegido por um forte esquema de segurança, composto por homens armados de fuzis, que usam coletes à prova de balas. Sob seu domínio, estão 4,2 mil hectares de áreas de plantio, que equivalem a 70% dos seis mil hectares de terras paraguaias usadas no cultivo da maconha.