O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ouvir o senador e presidente do PSDB, Aécio Neves, o ex-ministro José Dirceu, preso pela Lava Jato, o senador cassado Delcídio do Amaral, um dos delatores da operação, e Sílvio Pereira, ex-secretário-geral do PT. A informação foi publicada nesta quarta-feira (1º) em reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo".
Ainda segundo o jornal, o pedido da procuradoria faz parte de um inquérito que investiga suposto esquema de corrupção em Furnas. No documento enviado ao STF, Janot também pede a prorrogação dos trabalhos de investigação por mais dois meses. O prazo acabava em fevereiro.
A assessoria de Aécio disse, por meio de nota, que a oitiva com o senador já estava marcada desde a abertura do inquérito, como é de "praxe". A nota afirma também que Aécio é o "maior interessado" na apuração dos fatos, porque, segundo a assessoria, o aprofundamento mostrará a correção dos atos do senador.
A defesa de Delcídio disse que não vai se manifestar por enquanto e vai aguardar o resultado das investigações.
Os pedidos do procurador-geral ficarão sob a responsabilidade do ministro Gilmar Mendes, relator do inquérito que investiga as denúncias sobre Furnas.
O inquérito, aberto em maio de 2016, se baseia nas delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do senador cassado Delcídio do Amaral.
O doleiro disse que Aécio "dividia" uma diretoria de Furnas com o PP, e que ouviu isso do ex-deputado José Janene, já falecido. De acordo com o pedido, o doleiro afirmou ainda que ouviu que o senador do PSDB recebia valores mensais, por meio de sua irmã, por uma das empresas contratadas por Furnas. Delcídio confirmou as informações em sua delação premiada.
No pedido enviado ao Supremo, a PGR afirma que pretende apurar informações prestadas em delação por Fernando Horneaux, lobista preso pela Lava Jato. De acordo com o "Estado de S. Paulo", Horneaux disse que foi informado por Dirceu, em 2003, do pedido de Aécio ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o então diretor de Engenharia de Furnas Dimas Toledo fosse mantido no cargo. Na época, Dirceu era ministro da Casa Civil de Lula. Segundo a reportagem, Dirceu e Horneaux são amigos.
A PGR cita ainda depoimento no qual Horneaux diz que trabalhou ao lado de Sílvio Pereira na escolha de cargos do segundo escalão no início do primeiro mandato de Lula. O delator disse também, segundo o "Estado de S. Paulo" que haveria uma propina a ser dividida em Furnas: um terço para o PT nacional, um terço para o PT de São Paulo e um terço para Aécio.