O prefeito Alan Guedes (Progressistas), eleito sob o manto da moralidade pública e usando o discurso de que não fazia parte do ‘bando do governador’, agora cogita, junto a aliados mais próximos, inclusive, a saída abreviada do poder, seis meses após assumir o mandato e já contabilizando, igualmente, seis protestos pela falta de preparo ao comando da gestão pública; dois desses manifestos foram realizados na frente da casa dele, episódio inédito na história política douradense.
A hipótese, que apanha de surpresa os pouco mais de 32 mil eleitores que deram a vitória de Guedes por 2,5% de vantagem sobre o deputado Barbosinha (DEM), aliado do governador Reinaldo Azambuja, do vice Murilo Zauith, da ministra Tereza Cristina, dos secretários estaduais Geraldo Resende (Saúde) e Eduardo Riedel (Infraestrutura) e dos deputados estaduais Zé Teixeira, Marçal Filho e Renato Câmara, todos relacionados pelo prefeito eleito como representantes da ‘velha política’, foi aventada pela primeira vez neste sábado (10) por um site da capital do Estado.
“Infelizmente, o prefeito de Dourados Alan Guedes está diante do mesmo cenário político que vitimou a meteórica trajetória do então presidente da república Jânio Quadros (1917-1992), com mandato entre 31 de janeiro a 25 de agosto de 1961”, compara o site, relatando o episódio em que o então líder político nacional, natural de Campo Grande, renunciou ao cargo máximo do País, sob o argumento de que "forças terríveis" o impediriam de governar. Antes de cair, Jânio Quadros ainda condecorou o líder revolucionário cubano Ernesto ‘Che’ Guevara, conforme ilustra o site:
No caso do jovem prefeito douradense, as ‘forças terríveis’ são representadas por um calhamaço contendo mais de 2.000 páginas, entregue pelo presidente da Câmara, vereador Laudir Munaretto (MDB) à colega Lia Nogueira, do mesmo Progressistas de Alan Guedes, onde fica caracterizada a forte participação do então presidente do Legislativo, no período de 2019/20, com o atual chefe de Gabinete da Prefeitura, jornalista Alfredo Barbara Neto, materializado no pagamento de quase R$ 1 milhão em dois anos de gestão Guedes como presidente da Câmara para garantir a sobrevivência do hoje obscuro DiárioMS de Barbara, episódio que ficou conhecido como ‘farra da publicidade’, alvo de investigações no MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) nos próximos dias.
O próprio site da Capital relata o rito a ser cumprido no caso que envolve ainda alguns prestadores de serviços, como um site chamado Indicador Econômico e um desconhecido 67News, sob interferência direta da agência de publicidade que detém o contrato de mídias da Câmara de Dourados desde quando a atual líder do prefeito, vereadora Daniela Hall (PSD), comandou a Casa, na gestão 2017/18, entregando a função para Alan Guedes que a repassou para o atual presidente, Laudir Munaretto.
Embora a ‘farra da publicidade’ ainda seja alvo de averiguações preliminares, assim que as autoridades receberem a documentação, já de posse da vereadora Lia Nogueira, haverá argumentos de sobra para a abertura de inquérito, ouvindo as partes envolvidas [no caso, o prefeito Guedes, o chefe de Gabinete Barbara, e os representantes dos sites e jornais beneficiados com polpudas verbas mensais quando o atual prefeito presidiu a Câmara] e após a quebra de sigilos bancário e fiscal, bem como a perícia técnica na documentação, será dado o veredicto final.
Transparência
Ouvido pelo DOURANEWS nesta sexta-feira (9), Munaretto disse que passou todo o primeiro semestre da legislatura atual debruçado em apurar as denúncias, apontadas da tribuna da Câmara pela vereadora Lia Nogueira. “Posso garantir que essa situação acabou, minha marca é a da transparência, toda a papelada em torno do caso solicitado pela Lia nós já providenciamos, agora é com o MP”.