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Saúde

Aedes aegypti pode estar transmitindo agora vírus da febre Marayo

07 novembro 2016 - 13h36

Os microrganismos também lutam pela sobrevivência das respectivas espécies e procuram se adaptar das maneiras mais incríveis possíveis para não desaparecer. É o que está acontecendo atualmente com um vírus chamado Mayaro. “Não é um vírus novo, foi identificado pela primeira vez em 1954 e existe em regiões silvestres aos redores da região Amazônica”, aponta a médica Ana Escobar, da Faculdade de Medicina da USP. Nas últimas semanas, pesquisadores da Flórida o identificaram no Haiti, em um menino de 8 anos, com febre e dores abdominais. Concluiu-se, portanto, que este vírus pode estar se espalhando pelo continente.

O grande problema é que este vírus possivelmente tenha se adaptado, afirma a estudiosa. “Antes era transmitido apenas por mosquitos vetores silvestres e agora aparentemente pode ser transmitido por mosquitos vetores urbanos que já estão espalhados pelo mundo: Aedes aegypti principalmente, e o Aedes albopictus. Se isso se confirmar, há muitas razões para nos preocuparmos, uma vez que o Aedes está fortemente presente em todo o território nacional. Este vírus provoca uma doença semelhante à chikungunya, a Febre do Mayaro”, explica a médica.

Ana Escobar diz que os sintomas são muito parecidos com os da dengue e da chiKungunya. “Começa com uma febre inespecífica e cansaço, sem outros sinais aparentes. Logo após podem surgir manchas vermelhas pelo corpo, acompanhadas de dor de cabeça e dores nas articulações. Os olhos podem também ficar doendo e em alguns casos reporta-se intolerância à luz. São sintomas muito parecidos e por isso a febre do Mayaro pode ser facilmente confundida com dengue ou com chikungunya. No entanto, no Mayaro as dores e o inchaço das articulações podem ser mais limitantes e durar meses para passar”.

Pelo quadro clínico pode ser difícil diferenciar as doenças, que só com os exames laboratoriais específicos é que podem apontar o diagnóstico correto. No menino de 8 anos do Haiti suspeitou-se inicialmente de dengue ou chikungunya. Mas os testes vieram negativos e o de Mayaro confirmou ser positivo. Segundo a médica, ainda não há nem vacina nem tratamento específico para a febre do Marayo.