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Saúde

Doença da urina preta na Bahia: o que sabemos até agora

12 janeiro 2017 - 13h38Por Carolina Dantas

 Uma doença misteriosa chegou à Bahia. Pacientes aparecem na Região Metropolitana de Salvador com dores fortes e com a urina de uma cor diferente. Os médicos não sabem dizer se o que causou as dores foi um vírus, uma bactéria ou uma intoxicação. No meio de tantas dúvidas, o G1 juntou o que já sabemos sobre a nova doença que atingiu o estado nordestino.

Quais são os sintomas da doença?

Nos boletins divulgados, a doença é tratada como "mialgia [dor] aguda a esclarecer". Os principais sintomas são dor muscular extrema, insuficiência renal e urina da cor preta. De acordo com o infectologista Antônio Bandeira, que acompanhou alguns dos casos em Salvador, é como se o indivíduo "tivesse feito uma maratona em poucos segundos".

"É uma lesão muscular aguda, então a quantidade de mioglobina que está dentro do músculo acaba saindo e vai para a urina. Ela acaba dando essa cor de Coca-Cola. Esse pigmento também tem uma ação nefrotóxica (tóxica para os rins)", explicou.

Quantas pessoas foram afetadas?

Até agora, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde da Bahia, foram 52 casos da doença. O governo confirmou duas mortes. Um homem que apresentava os sintomas faleceu no dia 31 de dezembro, no município de Vera Cruz. A vítima, no entanto, tinha outros problemas de saúde, como hipertensão, além de idade avançada.

Nesta quarta-feira (11), a segunda morte foi confirmada. O óbito ocorreu no sábado (7), em Salvador. Não foram divulgados os detalhes sobre o paciente.

Qual a região dos casos registrados?

Todos os casos foram registrados na região metropolitana de Salvador. Além da morte em Vera Cruz, outro caso foi notificado em Lauro de Freitas, e 50 ocorreram na capital baiana. Os registros foram contabilizados de 14 de dezembro a 5 de janeiro deste ano.

Como está caminhando a investigação dos órgãos de saúde?

Amostras de fezes de nove pacientes foram encaminhadas para o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro. O órgão é referência na análise de amostras para identificar novas doenças. As análises estão em andamento, mas o instituto pediu mais amostras de soro e de urina para continuar a investigação. Não há um prazo para a entrega do laudo.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde da Bahia, 44 pacientes tiveram resultado negativo para infecção bacteriana.

Há, ainda, a suspeita de que peixes consumidos na região tenham causado intoxicação. Por isso, amostras consumidas por pessoas acometidas pela doença foram encaminhadas para o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e para um laboratório dos Estados Unidos.

Como é feito o tratamento da doença?

Como não há uma confirmação das causas, o tratamento é feito com hidratação e analgésico. É importante que o paciente não tome anti-inflamatório para não piorar a situação dos rins. O tempo para um quadro um pouco mais suave dos sintomas varia de três dias até uma semana.