O uso inadequado de remédio é considerado um problema de saúde pública. Apesar de saberem dos perigos, grande parte dos brasileiros possuem o hábito de comprar remédios por conta própria ou indicados por amigos. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil é o quinto maior consumidor de medicamentos do mundo.
Em relação à saúde visual, a situação é ainda mais preocupante. Qualquer desconforto nos olhos como conjuntivites e irritações são suficientes para as pessoas utilizarem colírios que sobraram de algum tratamento realizado anteriormente.
De acordo com o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia e consultor do Instituto Varilux da Visão, Marcus Sáfady, para cada problema ocular existe um colírio específico. “Mesmo entre os diversos tipos de conjuntivites existentes, os quais podem ter várias causas, o tratamento é diferenciado de acordo com suas peculiaridades. Por exemplo, se a conjuntivite é alérgica, é recomendado o colírio antialérgico; se for bacteriana, o colírio ideal será o antibiótico; e por fim se a origem da mesma for viral, pode ser indicada apenas a lágrima artificial ou um colírio antiinflamatório”, afirma Sáfady, acrescentando que a maioria não vê os colírios como remédios e sim como soluções instantâneas.
Segundo o especialista, o conforto visual momentâneo agrava o uso inadequado dos colírios. “Utilizar um medicamento sem indicação médica, além de prejudicar a verificação do verdadeiro problema, pode intensificar o surgimento de outros distúrbios, como catarata e glaucoma, quando a fórmula possuir corticóide”, explica.
O Ministério da Saúde está reduzindo a quantidade das doses de medicamentos, o que contribui bastante para evitar a automedicação, pois desta forma o paciente só fará uso do remédio quando for realizar o tratamento. Sáfady ressalta que as pessoas devem procurar com frequência o oftalmologista em vez de praticar a automedicação.