Depois de amplamente difundida a ideia da produção de biodiesel a partir de óleo de soja e outras oleaginosas, pesquisadores da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) vem estudando outras fontes de matéria-prima para este fim.
Um dos trabalhos nesta área, com a exploração das propriedades das microalgas, faz parte da iniciação científica realizada pelo acadêmico de Engenharia Ambiental, Jairo Pereira de Oliveira Junior, orientado pela professora Leila Cristina Konradt Moraes. Na pesquisa, o biodiesel, mesmo produzido em pequena escala, teve a estabilidade oxidativa próxima aos valores previstos como padrão pela ANP (a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
As microalgas foram coletadas em um tanque instalado na UEMS de Dourados e, além de resultar em biodiesel, a pesquisa visa auxiliar na resolução de um problema comum, o grande aumento da população desses micro-organismos, que podem prejudicar o cultivo de peixes nos tanques de piscicultura.
As microalgas foram escolhidas como matéria-prima para a pesquisa, pois se multiplicam rapidamente, podem ser cultivadas em um pequeno espaço físico e tem um elevado valor lipídico. Os lipídios são “óleos e gorduras” que constituem ‘matérias-primas’ para a produção do biodiesel.
Para chegar ao biodiesel, o acadêmico Jairo Junior realizou a coleta, separação e secagem das microalgas e posteriormente extraiu os lipídios que foram convertidos em biodiesel por meio de uma reação química, a transesterificação.
“Normalmente na piscicultura as microalgas passam a ser um problema com o passar do tempo porque elas se proliferam, aumentando em muito sua população, o que gera a necessidade de remoção dos organismos. Por isto a ideia de utilizá-las, porque é um problema que pode ser convertido em uma solução, a geração de um biocombustível”, explicou a professora Leila Moraes.
No país, segundo a professora, ainda não existe tecnologia para a produção de biodiesel em larga escala a partir de microalgas, porém existe produção em larga escala desses micro-organismos na UFPR (Universidade Federal do Paraná), utilizados também para pesquisas de biodiesel, ração animal e produtos de alto valor agregado.