A família Rodrigues, moradora em uma casa alugada no bairro Jardim Água Boa, composta por cinco filhos, sendo três adolescentes já cursando o ensino médio e duas crianças que devem frequentar a escola muito em breve, recebeu quinta-feira (6) um microcomputador restaurado, quase completo [a exceção da impressora], pelo técnico em eletrônica Ademir Machado.
Os pais pediram para não divulgar os nomes e fotos dos garotos, até mesmo porque eles já enfrentaram dificuldades na escola, por serem de família pobre e não possuir equipamentos eletrônicos que a maioria dos jovens tem; um celular sofisticado, um notebook ou mesmo tablet. "Já nos chamaram de analfabetos cibernéticos", disse um dos jovens, com ar de tristeza.
Segundo Ademir Machado, os garotos são iguais a todos os outros, enfrentam os mesmos problemas, as mesmas ansiedades na escola, mas são exemplares em casa e na comunidade. O microcomputador, doado por uma empresa de autoelétrica da cidade e um monitor doado por um funcionário público estadual, passou por uma restauração e está funcionando bem. "Mesmo antigo, tem entradas USB, o que facilita em muito a vida dos garotos, que podem digitar seus trabalhos e imprimir em outro lugar", explicou o técnico.
Meio Ambiente na berlinda
Mesmo com muitas pessoas querendo ajudar, Ademir Machado disse que não está mais aceitando monitores TRC (de tubos de vidro), por não possuir mais local para armazenar tais equipamentos em casa. "Infelizmente, mesmo depois de dois anos de trabalho e divulgação na mídia, não temos em Dourados sequer um local temporário para armazenar o lixo eletrônico, enquanto não aparece uma cooperativa ou empresa capaz de fazer a reciclagem de tal material. É muito blá blá blá em torno do tema Meio Ambiente, mas absolutamente nenhuma ação concreta para sequer amenizar o problema", lamenta.
Ademir Machado, que também é jornalista técnico com publicações circulando o mundo através da internet, disse que a população quer reciclar o lixo eletrônico, mas está amarrada por falta de uma política realista e prática para o recolhimento (coleta seletiva), armazenagem, separação e fragmentação do material, que poderia até render lucros para o município. "Temos até projetos para construir máquinas voltadas para a reciclagem de material diverso, mas nenhum interesse governamental em desenvolvê-los", finalizou.