Dia da Consciência Negra
O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de Novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A semana dentro da qual está esse dia recebe o nome de Semana da Consciência Negra. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.
Na opinião da presidente da Associação dos Descendentes de Tia Eva, Lúcia da Silva Araújo, o mês da Consciência Negra é um período de reflexão para a população negra. “O 20 de novembro é uma data muito importante para os negros”, disse Lúcia ao informar que a comunidade Tia Eva, todos os anos realiza eventos em comemoração a Semana da Consciência Negra no Estado.
“Em 2009, na mesma época, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), realizou a entrega de documentação aos moradores da comunidade. Já a Prefeitura Municipal de Campo Grande, por intermédio do Posto de Saúde local, no mês de outubro deste ano, fez a prevenção da saúde, que contou com a participação de aproximadamente 80 pessoas. Atualmente a Prefeitura também oferece cursos de manicure e pedicure para as mulheres e de eletricista aos homens”, informou Lúcia.
Além dos cursos de Recepcionista e Serigrafia, a comunidade também participou de oficinas de maquiagem, penteado afro, corte de cabelo masculino e feminino. Uma realização do Ministério do Trabalho, através do Instituto de Pesquisa de Desenvolvimento e Educação (IPDE), e do Plano Setorial de Qualificação para Afro-Descendente, de Cuabá (MT).
História de Tia Eva
A história da comunidade se confunde com a própria história de Tia Eva. Escrava nascida em Mineiros, Goiás, Eva Maria de Jesus sempre sonhou um dia poder criar suas filhas com a melhor educação do mundo. Casada por duas vezes, Eva Maria teve três filhas: Joana, Lazara e Sebastiana. Em 1887, aos 49 anos, Eva obteve sua carta de alforria, momento no qual realizaria seu segundo sonho: ir para Mato Grosso (atualmente, Mato Grosso do Sul) e construir um lugar para seus descendentes. Saiu de Goiás e veio para Campos de Vacaria (Campo Grande) onde fundou a comunidade em 1905. Na cidade trabalhou como lavadeira, parteira, cozinheira, curandeira e benzedeira. Vida nada fácil.
Era uma espécie de médica da época. Mais impressionante ainda era que sabia ler e escrever, pra quem havia sido escrava isso era um dom. Procurada por inúmeras pessoas, tornou-se referência na comunidade, o que lhe rendeu alguns benefícios financeiros. Até que em 1910 adquiriu uma terra de oito hectares que lhe custou 85 mil réis.
Tombamento
Em 26 de abril de 2008, a Fundação Cultural Palmares concedeu a Certidão de Autodefinição como Comunidade Remanescente de Quilombos aos descendentes de Tia Eva. A comunidade atualmente é constituída por cerca de 115 famílias, sendo a maioria dos moradores formada por pessoas negras. No dia 5 de maio de 1998, a Igrejinha de São Benedito recebeu o definitivo tombamento como parte do Patrimônio Histórico de Mato Grosso do Sul, pelo governo do Estado.