A Polícia Civil de Itaporã sob o comando do Delegado Titular Dr. Wisnton Ramão Albres Garcia, realizou na tarde de quinta-feira (14), o resgate de um idoso de 73 anos, mantido a dez anos em condição analoga a de escravo.
Através de uma denúncia anônima, A Policia Civil foi informada que no Sítio São Pedro, na região do Tatui em Itaporã, haviam dois idosos vivendo em regime escravo.
No período da manhã os policiais foram até a propriedade rural e constataram os fatos. Às 13 horas, acompanhados de uma Assistente Social e da reportagem do Jornal Virtual Itaporahoje.com, jornal local, foram até o sítio e resgataram um dos idosos.
Amado Mariano da Silva, 73 anos, também conhecido por “Itamar”, disse a autoridade policial que trabalha no sítio a dez anos e que nunca recebeu salários pelos serviços prestados.
Disse também que a professora J.P.C., de 39 anos iria aposentá-lo, mas que nunca deu nenhum dinheiro para ele, pois ficava com o cartão magnético e a senha para receber o benefício.
Na propriedade rural também foi encontrado Lourenço Muniz dos Santos, 78 anos. O idoso Lourenço disse que está lá a dois meses, e que anteriormente morava com a professora e que ela também recebe seus benefício, pois o cartão magnético ficava com ela, mas afirmou que a professora guarda o dinheiro para ele.
No local foi verificado que os idosos viviam em condições precárias de higiene, em local insalubre e com pouca comida.
Foi encontrado várias embalagens contendo farinha de mandioca, na geladeira apenas água e farinha. Havia também uma quantidade de torresmo de porco mofado. Uma vasilha plástica continha doce de mamão embolorado.
O sal usado na alimentação era sal para uso animal. Os alimentos ficavam expostos e sem tampa. Ao lado de duas vasilhas de farinha havia uma sacola plástica contendo soda cáustica.
No banheiro da casa, o vaso sanitário estava cheio de fezes. Havia esgoto a céu aberto próximo ao fogão onde os alimentos eram preparados numa varanda.
Na propriedade rural existe duas casas, uma de madeira e outra de alvenaria. Lourenço ficava na casa de madeira, já Amaro ficava na casa de alvenaria, também usada para depósito de insumos no quarto ao lado onde o idoso dormia, sendo forte o odor dos produtos.
Na casa de alvenaria o poço com mais de dez metros de profundidade estava sem tampa. Para ligar a bomba, o idoso precisava subir em uma lata velha e acionar o dijuntor.
Em entrevista com a Assistente Social Maria Aparecida Brito, o idoso Amaro Mariano da Silva, declinou seu desejo de sair daquele local, e das condições que vivia.
Amaro Mariano foi conduzido até a Delegacia de Polícia de Itaporã, onde foi ouvido e em seguida foi colocado à disposição da Assistente Social.
Depois de banhado, cabelo cortado e barba feita, o idoso recebeu da Gerencia de Ação Social roupas e calçados novos e materiais de higiene pessoal.
A Assistente Social Maria Brito já informou que já conseguiu uma vaga para o outro idoso (Lourenço), e que nos próximos dias também será encaminhado para Maracaju.
Segundo o Delegado Dr. Wisnton Garcia, a professora J.P.C. e seu irmão A.P.C. serão indiciados pelos crimes de Redução a Condição a de Escravo (Art. 149 – CP), Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem (Art.132 – CP) e Reter o Cartão Magnético de Conta Bancária relativa a Benefícios, Proventos ou Pensão do Idoso (Art. 104 – Lei nº 10.741/03).