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Idosos são resgatados de trabalho escravo em Itaporã

18 outubro 2010 - 19h09Por Redação Douranews com Diário CG

1DC3A Polícia Civil de Itaporã sob o comando do Delegado Titular Dr. Wisnton Ramão Albres Garcia, realizou na tarde de quinta-feira (14), o resgate de um idoso de 73 anos, mantido a dez anos em condição analoga a de escravo.

Através de uma denúncia anônima, A Policia Civil foi informada que no Sítio São Pedro, na região do Tatui em Itaporã, haviam dois idosos vivendo em regime escravo.

No período da manhã os policiais foram até a propriedade rural e constataram os fatos. Às 13 horas, acompanhados de uma Assistente Social e da reportagem do Jornal Virtual Itaporahoje.com, jornal local, foram até o sítio e resgataram um dos idosos.

Amado Mariano da Silva, 73 anos, também conhecido por “Itamar”, disse a autoridade policial que trabalha no sítio a dez anos e que nunca recebeu salários pelos serviços prestados.

Disse também que a professora J.P.C., de 39 anos iria aposentá-lo, mas que nunca deu nenhum dinheiro para ele, pois ficava com o cartão magnético e a senha para receber o benefício.

Na propriedade rural também foi encontrado Lourenço Muniz dos Santos, 78 anos. O idoso Lourenço disse que está lá a dois meses, e que anteriormente morava com a professora e que ela também recebe seus benefício, pois o cartão magnético ficava com ela, mas afirmou que a professora guarda o dinheiro para ele.

No local foi verificado que os idosos viviam em condições precárias de higiene, em local insalubre e com pouca comida.

Foi encontrado várias embalagens contendo farinha de mandioca, na geladeira apenas água e farinha. Havia também uma quantidade de torresmo de porco mofado. Uma vasilha plástica continha doce de mamão embolorado.

O sal usado na alimentação era sal para uso animal. Os alimentos ficavam expostos e sem tampa. Ao lado de duas vasilhas de farinha havia uma sacola plástica contendo soda cáustica.

No banheiro da casa, o vaso sanitário estava cheio de fezes. Havia esgoto a céu aberto próximo ao fogão onde os alimentos eram preparados numa varanda.

Na propriedade rural existe duas casas, uma de madeira e outra de alvenaria. Lourenço ficava na casa de madeira, já Amaro ficava na casa de alvenaria, também usada para depósito de insumos no quarto ao lado onde o idoso dormia, sendo forte o odor dos produtos.

Na casa de alvenaria o poço com mais de dez metros de profundidade estava sem tampa. Para ligar a bomba, o idoso precisava subir em uma lata velha e acionar o dijuntor.

Em entrevista com a Assistente Social Maria Aparecida Brito, o idoso Amaro Mariano da Silva, declinou seu desejo de sair daquele local, e das condições que vivia.

Amaro Mariano foi conduzido até a Delegacia de Polícia de Itaporã, onde foi ouvido e em seguida foi colocado à disposição da Assistente Social.

Depois de banhado, cabelo cortado e barba feita, o idoso recebeu da Gerencia de Ação Social roupas e calçados novos e materiais de higiene pessoal.

Antes de ser conduzido ao Asilo para Idosos de Maracaju, Amaro Mariano da Silva fez questão de posar para uma foto, onde aparenta ser outra pessoa, muitos anos mais nova, recuperando a dignidade humana.

A Assistente Social Maria Brito já informou que já conseguiu uma vaga para o outro idoso (Lourenço), e que nos próximos dias também será encaminhado para Maracaju.

Segundo o Delegado Dr. Wisnton Garcia, a professora J.P.C. e seu irmão A.P.C. serão indiciados pelos crimes de Redução a Condição a de Escravo (Art. 149 – CP), Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem (Art.132 – CP) e Reter o Cartão Magnético de Conta Bancária relativa a Benefícios, Proventos ou Pensão do Idoso (Art. 104 – Lei nº 10.741/03).

 

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