O recente aumento de 25% concedido pelo Planalto aos ocupantes de cargo DAS (Direção e Assessoramento Superior) vai beneficiar diretamente o caixa do PT, criticaram ontem (17) deputados tucanos. O partido cobra contribuição de todos os eleitos pela legenda e também dos filiados que ocupam cargos de confiança. O percentual varia de acordo com o valor do salário e é maior para os parlamentares. Com o aumento da remuneração, maior deve ser a arrecadação da legenda.
“É a expressão do patrimonialismo, da velha política brasileira. O PT se sente dono do governo, apropriado como se fosse um bem particular. Na ânsia de se manter no poder, usa todos os artifícios, inclusive esse que vai beneficiar diretamente o caixa do partido”, condenou o deputado César Colnago (ES). O tucano considerou lamentável a atitude e ressaltou que isso mostra claramente qual é o projeto do PT: usar a máquina partidária para se beneficiar e não para desenvolver o país.
O governo não fez questão de divulgar, mas inseriu na proposta de Orçamento encaminhada ao Congresso a previsão de reajuste de até 25% em três anos para as funções e cargos comissionados de livre nomeação nos diversos ministérios e órgãos do Executivo, incluindo os de DAS. Existem hoje 87.245 desses postos no Executivo, dos quais 22.084 são de DAS. O reajuste é bem superior aos 15,8% dados à maior parte do funcionalismo público, segundo mostrou o jornal “Correio Braziliense”. A mudança se dá em tempos de queda na arrecadação do país: a Receita Federal registrou redução de 7,36% em julho.
Na opinião de Colnago, é o uso descarado da máquina administrativa. “A população brasileira não concorda com isso. E eles sabem disso, tanto que fizeram questão de não divulgar a medida”, apontou. “Foi feito de maneira obscura, já que não divulgaram. É muito suspeito e negativo. Acaba sujando a imagem do governo federal”, completou o deputado Antonio Imbassahy (BA).
Imbassahy lembrou a recente greve dos servidores e criticou a falta de articulação do governo com as entidades. “A greve poderia ter durado menos tempo, mas isso não aconteceu por falta de diálogo. Houve um aumento de 15,8%, enquanto aqueles que possuem cargo de confiança do governo conseguem um reajuste maior”, ressaltou. Para o tucano, o governo faz uma diferenciação injusta entre servidores públicos concursados e aqueles nomeados por indicação política.