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Educação

Decisão do STF sobre sistema de cotas contempla a UEMS

28 abril 2012 - 12h33Por Redação Douranews

A UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), que aprovou em 2003 o sistema de cotas em seus vestibulares comemorou ontem (27) a decisão que o STF (Supremo Tribunal Federal) adotou na quinta-feira (26) ao julgar constitucional o sistema de cotas para ingresso de candidatos em vestibular. A decisão da Corte federal foi unânime. O pioneirismo da UEMS, conforme a assessoria de imprensa da unidade, justifica-se por ser a primeira Universidade brasileira a oficializar o ingresso de indígenas a partir do sistema de cotas e uma das primeiras a trabalhar com as cotas para negros.

O reitor da UEMS, professor Fábio Edir, lembrou que desde 2007 quando a Universidade formou a primeira que turma integrada por alunos cotistas, a Universidade já formou um total de 549 alunos, entre negros e indígenas. Fábio destacou ainda a qualidade da formação desses alunos. “Muitos deles hoje são mestres e profissionais destacados no mercado profissional”, disse.

“Nós sempre tivemos a marca da inclusão em nossa identidade institucional, é uma vocação e uma missão que vamos sempre buscar cumprir com empenho. Orgulha-nos saber que a UEMS tem democratizado, na prática, o acesso ao ensino superior inclusive de grupos que, devido a inúmeros fatores socioculturais que nós conhecemos, dificilmente estariam na Universidade se não fossem as cotas”, acrescentou o reitor da UEMS.

Neemias Reginaldo Vitorino é um exemplo do sucesso da política de ação afirmativa da UEMS. Indígena da etnia terena, o jovem ingressou este ano no curso de Ciência da Computação e, entusiasmado nessa nova fase da vida, já faz planos de se tornar um doutor e levar o conhecimento que construir em sua formação para aldeia. “Na aldeia nós temos muita dificuldade de acesso à internet e às tecnologias e com o que vou aprender aqui eu pretendo ajudar a resolver esse problema”, diz Neemias. Sonhador quanto ao futuro, Neemias é realista sobre o presente. Para ele as diferenças sociais e de condições de acesso a uma formação adequada tornam mais difícil o ingresso do indígena no ensino superior e afirma: “Com as cotas, a UEMS está abrindo as portas do ensino superior para as comunidades indígenas”.

Coordenadora do Projeto Rede de Saberes que promove a permanência do acadêmico indígena na Universidade, a professora Beatriz Landa classificou como “histórica” a decisão do STF. “Isso acaba com o argumento de críticos desse sistema que questionavam a constitucionalidade das cotas. O Brasil ainda é um país com muitas desigualdades e, sem esse tipo de ação, dificilmente os alunos provenientes de segmentos sociais mais vulneráveis economicamente teriam as mesmas condições de acesso ao ensino superior público”, diz Beatriz.

Para o presidente do STF, Carlos Ayres Brito, os erros de uma geração podem ser revistos pela geração seguinte e é isto que está sendo feito, referindo-se às diferentes formas de preconceitos, especialmente as étnicas e raciais. Já o ministro Luiz Fux acredita que não se trata de discriminação reservar algumas vagas para determinado grupo de pessoas. "É uma classificação racial benigna, que não se compara com a discriminação, pois visa fins sociais louváveis", disse.

Uma das que, desde a implantação das cotas na UEMS, sempre pesquisou e militou pelas questões raciais, a professora Maria José de Jesus Alves Cordeiro vê a decisão do STF como uma conquista e uma resposta aos críticos que questionavam a constitucionalização das cotas. Para Maria José. a vitória no STF, todavia, não tira da Universidade a responsabilidade de aperfeiçoar o sistema de cotas, inclusive traçando diagnósticos institucionais sobre como tem acontecido o ingresso e a permanência desses alunos no ensino superior. Esse é o desafio constante na vida acadêmica.