A utilização do perfil no Facebook, de uma jovem que considerou a eleição do primeiro vereador indígena de Dourados como “prejuízo”, ganhou repercussão nacional. O portal Terra trouxe ontem (11) os desdobramentos do caso, com o depoimento do advogado Maurício Rasslan, que avocou a causa da jovem acusada de praticar preconceito étnico-racial.
“Trata-se de um comentário de uma menina de vinte e poucos anos de idade, não tem qualquer cunho racista ou preconceituoso, não tem absolutamente nada ali. O problema é que todas as vezes que se toca no assunto índio no Brasil, uma grande polêmica é gerada", afirmou.
Ainda segundo o advogado, a cliente dele tem razão na afirmativa. "As pessoas focam em algumas palavras pequenas e não se interessam em saber o que realmente está acontecendo nas reservas indígenas do Mato Grosso do Sul, que é o massacre dos índios pelos próprios índios. Aqui não tem mais floresta, eles estão morrendo à míngua, virou uma grande favela indígena e ninguém vê isso", disse Rasslan.
O professor indígena da etnia Guarani-Nhandeva, Aguilera de Souza, de 37 anos, foi eleito para a Câmara de Vereadores de Dourados pelo PSDC, com 1419 votos. Para a internauta que postou o comentário no Facebook, os índios "deveriam viver isolados numa selva na Amazônia".
Aguilera considerou o comentário fruto de desconhecimento da causa indígena. "Pela forma como escreveu, considero que essa pessoa não conhece nada sobre a questão indígena e, muitas vezes, ela nem tem culpa disso porque a sociedade a educou dessa forma. Ela é uma pessoa adulta, o tipo de formação que ela está recebendo e o que ela vai repassar para a sociedade é o que me preocupa. Ela tem que tomar muito cuidado, porque para falar sobre a causa indígena é preciso ter conhecimento", disse o vereador eleito.