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Educação

Africano passa por Cuba e Espanha e escolhe doutorado na UEMS

09 abril 2015 - 17h59Por Redação Douranews

Depois de estudar na África, América Central e Europa, o jovem engenheiro florestal africano Yoavi Abel Kissi não teve dúvida sobre onde continuar sua qualificação acadêmica: “A UEMS veio pelo interesse na linha de pesquisa do professor Etenaldo Felipe Santiago, que atua com projetos sobre problemas ambientais nas cidades e a melhora do uso das áreas florestais degradadas”.

 

A jornada de Abel, após essa revelação, começou em 2002 quando saiu da pequena República de Benin [país cujo território é quase três vezes menor que o Estado de MS] rumo à Cuba. Lá, formou-se em Engenharia Florestal pela Universidad Pinar del Rio e em seguida (2008) partiu para a Espanha, em busca do mestrado em Conservação Florestal na Universidad de Valladolid.

 

Há poucas semanas em Dourados, Abel, como é mais conhecido no Brasil, até pela familiaridade que o nome do meio tem no português, ainda está se adaptando ao novo país, aos novos costumes e até à nova língua. Não que idioma seja uma dificuldade para ele que, com 32 anos, já domina o francês que é a língua oficial de seu país, o espanhol e o inglês, além do péda, a língua maternal. “Ya consigo entender bem”, diz ainda com sotaque que não o atrapalha de se comunicar por onde passa.

Em sua cidade natal, Cotonou, na África, Abel vive bem perto da costa do mar, cerca de um quilômetro. Filho de uma família com renda familiar média, sempre estudou em escola pública e devido à escassez de universidades em seu país concorreu a uma bolsa e passou para estudar a graduação em Cuba. 

“Escolhi Engenharia Florestal por amar a natureza, a vida das pessoas indígenas – há uma grande biodiversidade no meu país, além da preocupação em âmbito mundial com a necessidade de proteger a natureza”, revelou.

Já graduado, Abel voltou à Benin e trabalhou em uma empresa de produção de mudas de árvores para viveiros, em um empreendimento que produzia madeira para comercialização. Anos depois decidiu cursar mestrado na Espanha. O doutorado era o próximo e natural passo, contudo precisava conseguir uma bolsa para se mudar de país novamente. Pesquisando sobre doutorados no Brasil encontrou o programa da UEMS e não teve mais dúvida sobre o que queria.

 

 “Depois de algumas dificuldades, consegui a bolsa da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), diz. “Optei pelo Brasil, pois, em âmbito mundial, o país tem a melhor formação na área de Recursos Naturais. E eu queria também ter esta experiência de morar aqui, além de poder me preparar para ingressar na carreira docente”. 

 

O engenheiro diz estar se adaptando bem a Dourados: “É uma boa cidade, as pessoas são simpáticas, mas há várias diferenças, por exemplo, no sistema de moradia. No meu país quando se aluga uma casa o inquilino mora junto com o proprietário, lá também não tem transporte público e existem poucas universidades”, lembrou.

A cultura dos povos indígenas brasileiros também é uma área que desperta grande interesse em Abel. Segundo ele, na República de Benin os indígenas têm sido vistos como peça fundamental nas estratégias de preservação florestal. “Como eles vivem na floresta e a protegem, quando vamos desenvolver alguma ação sempre pedimos a opinião dos indígenas, pois destruir a floresta é destruir o habitat deles”.

 

Quando voltar para o Benin, Abel pretende colocar em prática o projeto de doutorado para ajudar a melhorar sua cidade, ingressar na carreira docente e como pesquisador, mas enquanto fica no Brasil pretende se dedicar ao curso e se adaptar aos costumes e a linguagem na nova moradia temporária, conforme reportagem produzida pela assessoria de comunicação da UEMS.