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Agronegócio

Pesquisa da Embrapa contribui com projeto Terra Boa do Governo

25 outubro 2016 - 10h48

Mato Grosso do Sul possui 16 milhões de pastagens plantadas. Dessas, cerca de 8 milhões de pastagens estão em diferentes graus de degradação. “Esse valor é altamente significativo para a economia e o meio ambiente de Mato Grosso do Sul. Isso faz a produtividade da nossa pecuária ser baixa. A capacidade de suporte é extremamente baixa, 0,8 UA/ha [Unidade de Animal por hectare]. O rebanho bovino vem diminuindo, um dos motivos é devido a margem de lucro relativamente pequena. O Programa Terra Boa quer contribuir para começar a reverter esse cenário”, disse o secretário Fernando Mendes Lamas, da Sepaf (Secretaria estadual de Produção e Agricultura Familiar), lembrando que um dos benefícios é a isenção do ICMS.

Segundo o secretário, “o governo é o indutor. Mas quem faz, efetivamente, a mudança são os produtores rurais e os técnicos”, constatou na abertura do primeiro “Seminário Regional – Programa Terra Boa”, realizado em Dourados, no Sindicato Rural, na semana passada, reunindo profissionais da Assistência Técnica e Extensão Rural.

O objetivo desses seminários é proporcionar debates sobre tecnologias de recuperação. No primeiro seminário, a palestrante, pesquisadora Michely Tomazi, da Embrapa Agropecuária Oeste, destacou que a integração lavoura-pecuária (ILP) é uma das soluções para recuperar as pastagens e ainda ter a oportunidade de ganhar com a atividade lavoureira. “Não é só recuperar, mas saber manejar as pastagens”, apontou. Michely deu uma sugestão que despertou interesse: o pecuarista fazer uma parceria com o agricultor, aproveitando a experiência de cada um. Ela explicou que se o pecuarista, inicialmente, “emprestar” ao agricultor a área de pastagem que precisa ser recuperada, sem cobrar arrendamento, ainda assim terá lucro. A rotação dos grãos (soja no verão e milho no inverno) com a pastagem já fornece nutrientes e matéria orgânica para melhorar o pasto. “Os dois saem ganhando”, afirmou.

O produtor Paulo Jacinto Batezini de Souza, da Fazenda Ventania, em Dourados, falou sobre as dificuldades e os benefícios de se implantar a ILP, já que na fazenda o foco maior sempre foi na agricultura. “Apesar da implantação ser um pouco difícil no começo, o sistema se torna rotineiro e de fácil condução”, disse. Depois da implantação da ILP, ele conta que a capacidade de suporte da área melhorou. No verão, a lotação é de 5 a 7 UA/ha; no inverno, área de pasto fixo, 2,0 UA/ha; e os pastos de inverno que ficam de 3 a 5 meses na área, a lotação é de 3 UA/ha.

Benefício ambiental

O chefe geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Guilherme Asmus, destaca que os resultados da ILP em várias regiões de Mato Grosso do Sul, com diferentes tipos de solo e clima, apontam para a verticalização da produção pecuária com a recuperação das áreas degradadas e com a capacidade de suporte muito maior do que em média se alcança no Estado. “Em consequência, há não somente ganhos econômicos, técnicos, e agronômicos, mas fundamentalmente ambientais. Hoje esses ganhos ambientais ainda não são computados em renda para o produtor e para o Estado. Mas em um ambiente ideal, e é o que a gente imagina para o futuro, é que, além da verticalização da pecuária, com maior suporte e ganho de carne por hectare, haja também a possibilidade do produtor ser remunerado pelo benefício ambiental, que é o que conhecemos como serviço ambiental”, alerta.

Outra aspecto levantado por Asmus, é que a recuperação de pastagens leva a maior produção de carne em menor espaço de área, o que leva ao abate do gado em menor tempo. “Isso significa, antes de mais nada, uma menor emissão de gases de efeito estufa. Quanto menos tempo o boi fica no pasto, o acabamento é mais rápido, e as emissões de gases de efeito estufa são reduzidas. Além disso, as pastagens melhoradas conseguem reter carbono no seu sistema radicular, incorporar carbono através de matéria orgânica no solo, que é o sequestro de carbono”, explica o pesquisador e chefe geral da Embrapa Agropecuária Oeste.

Ele ainda lembra que, no caso da Embrapa Agropecuária Oeste os experimentos mais antigos têm 21 anos e os resultados são consistentes para dar suporte a programas governamentais. Atualmente, a Unidade em Dourados possui experimentos com ILPF em Dourados, Naviraí, Três Lagoas e Ponta Porã.