A Bolsa de Tóquio sofreu nesta terça-feira sua maior queda desde o choque provocado pela falência do banco Lehman Brothers, com o índice Nikkei 225 despencando 10,55% depois que a ampliação da crise nuclear deflagrou o pânico entre os investidores.
Em um único dia, o índice perdeu 1.015,34 pontos, para fechar aos 8.605,15 pontos, mas no intraday chegou à mínima de 8.227,63 pontos, com perda de 14,4%. É o menor nível de fechamento desde 28 de abril de 2009 e a maior baixa porcentual desde o declínio de 11,4% em 16 de outubro de 2008.
O movimento de venda se espalhou tanto entre os investidores locais como entre os estrangeiros e foi especialmente pesado no mercado futuro. Embora a caça às pechinchas no final da sessão tenha ajudado o Nikkei 225 a sair de sua mínimas e preservar a sustentação em 8 mil pontos, os analistas dizem que o sentimento do mercado ainda é de cautela.
A aceleração das vendas obrigou a Bolsa de Osaka a acionar duas vezes o "circuit breaker" (interrupção dos negócios). A negociação de contratos futuros do índice Topix também chegou a ser suspensa. As perdas no Nikkei diminuíram também depois que a Bolsa de Tóquio proibiu temporariamente as vendas realizadas pelas corretoras para arbitragem.
Em dois dias de fortes baixas, a Bolsa perdeu 16% da capitalização de mercado, pois já havia cedido 6,18% na segunda-feira, diante das preocupações com as consequências do terremoto e do tsunami que atingiram o Japão na sexta-feira. Diferentemente do que ocorreu na véspera, no entanto, desta vez a queda contaminou outros mercados asiáticos.
As vendas de ações se intensificaram com o agravamento da situação de emergência numa importante usina nuclear em Fukushima, no nordeste do país. Pelo segundo dia seguido, o volume de negócios foi recorde, com 5,78 bilhões de papéis negociados.
O mercado futuro exerceu papel importante no desempenho negativo do mercado à vista - o contrato para junho do Nikkei fechou em baixa de 8,7%. Depois do intervalo do almoço, outra rodada de vendas no mercado à vista foi deflagrada pela notícia de um incêndio no reator 4 da usina Fukushima Daiichi, em meio aos relatos de que os níveis de radiação haviam disparado na proximidades do reator 3.
Ajuda Financeira
As autoridades passaram o dia tentando acalmar o mercado e o Banco do Japão (BOJ, banco central) ofereceu a injeção de mais 8 trilhões de ienes (US$ 97,94 bilhões) em fundos de mesmo dia. Na segunda-feira, o BOJ havia feito injeção recorde de 15 trilhões de ienes no mercado e duplicado seu programa de compra de ativos, de 5 trilhões para 10 trilhões de ienes. Mas as declarações do primeiro ministro, Naoto Kan, nesta terça-feira, causaram nervosismo.
"Quantidades substanciais de radiação estão vazando na área", disse Kan, na TV. "Estamos nos esforçando o máximo possível para impedir novas explosões ou a liberação de materiais radioativos."