A doença se manifestou em 2008, quando a adolescente começou a cochilar nas aulas e a se comportar de forma estranha. Levada ao médico, acabou por ser diagnosticada com a síndrome de Kleine-Levin, doença cuja causa é desconhecida e sem cura. “Um indivíduo com SKL terá episódios de sono, geralmente com duração entre uma e três semanas, com distúrbios cognitivos nas poucas horas em que estiver acordado”, diz Tom Rico, pesquisador do Centro de Narcolepsia e SKL da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
Segundo ele, a síndrome às vezes se manifesta após infecções ou outras doenças. Ela geralmente afeta adolescentes do sexo masculino, que também podem apresentar hipersexualidade, irritabilidade e o hábito de comer compulsivamente. “Durante esse período, um paciente dormirá algo entre 16 e 22 horas por dia, todos os dias, até o fim do evento.” O tratamento recomendado é permitir que o paciente durma, e não ministrar remédios.
Quando a doença para de se manifestar, conta o médico, o indivíduo volta a dormir e a se comportar normalmente. Rico diz que não há dados sobre a prevalência da doença, já que muitos casos jamais são diagnosticados. A boa notícia é que ela pode desaparecer como surgiu, o que geralmente ocorre após dez ou 15 anos.
Recordações
Louisa diz se lembrar de muito pouco quando acorda de um episódio. “É tudo branco – sem sonhos. Agora eu recordo mais o que aconteceu. Antes eu não lembrava nada. Meu pai acha que meu cérebro está aprendendo a lidar com isso”, diz a jovem. A síndrome quase arruinou os seus planos profissionais, já que ela dormiu durante a maioria das suas provas.
Mas a faculdade permitiu que ela se matriculasse, e hoje Louisa estuda desempenho e excelência esportiva. Seu sonho é se tornar uma dançarina. Quando ela acorda, leva alguns dias até que volte completamente à rotina, e seu corpo fica rígido, dificultando a dança.
Médicos disseram à família que, durante os episódios de sono excessivo, é crucial acordá-la uma vez ao dia para alimentá-la e levá-la ao banheiro. Mas Lottie, a mãe, diz que a tarefa pode ser penosa: “Já tentei forçá-la a se levantar, mas ela começa a suar e fica muito agitada e agressiva”.
Frustrados com a falta de informações sobre a doença na Grã-Bretanha, seus pais a levaram até o hospital Pitié-Salpétrière, em Paris, onde pesquisadores avaliam se o distúrbio pode ter sido causado por um gene defectivo.
Boa fase
Atualmente, Louisa vive uma fase boa: faz mais de três meses que não tem nenhum episódio da doença e, há algumas semanas, ganhou uma competição de dança. Mas seus pais continuam a vigiá-la em busca de sinais do distúrbio. “Às vezes eu penso ‘por que eu?’, já que sempre fui uma pessoa saudável. Mas de repente aconteceu e não há motivos. Isso me frustra”, diz a jovem. “Mas agora me acostumei e aprendi a viver com isso. Sou uma garota especial.”