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Tey'i Kue

Justiça retoma audiências

Envolvidos no caso batizado de 'massacre de Caarapó' são ouvidos

13 janeiro 2022 - 14h16Por Redação Douranews

A Justiça Federal de Dourados retomou nesta quarta-feira (12) as audiências do processo criminal que vai julgar os cinco fazendeiros acusados de serem os responsáveis por idealizar, organizar e executar o episódio que ficou conhecido como ‘massacre de Caarapó’, ocorrido em junho de 2016, que resultou na morte do agente de saúde Guarani Kaiowá Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza e deixou diversos outros indígenas feridos por disparos de armas de fogo.

As audiências de instrução do caso, que tramita em sigilo, vão até o dia 24, como informou o procurador federal Marco Antônio Delfino. Nelas, serão realizadas as oitivas das vítimas e das testemunhas, além do interrogatório dos réus.

No primeiro dia da retomada do caso, na manhã desta quarta, cerca de 130 indígenas Guarani e Kaiowá e diversos apoiadores realizaram uma manifestação em frente à sede da Subseção Judiciária Federal de Dourados, onde ocorrem as audiências, cobrando justiça pelo massacre e agilidade no julgamento.

A denúncia contra os fazendeiros foi apresentada pelo MPF (Ministério Público Federal) à Justiça Federal ainda em 2016. Com a demora no andamento do caso, em maio de 2021 o órgão solicitou à 1ª Vara Federal de Dourados que os processos criminais ligados ao massacre fossem incluídos na lista de prioridades. O agendamento das audiências começou em outubro do ano passado.

O caso

Relatório do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) relembra que o ataque aos indígenas de aldeia Tey’i Kue, em Caarapó, ocorrido no dia 14 de junho de 2016, mobilizou cerca de 40 caminhonetes, com o auxílio de três pás carregadeiras e mais de cem pessoas, muitas delas encapuzadas, uniformizadas e portando armas de fogo de diversos calibres.

Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, de 26 anos, foi assassinado com um tiro no abdômen e outro no tórax. Outros seis indígenas, inclusive uma criança de 12 anos, foram atingidos por disparos e ficaram gravemente feridos. “Muitos carregam os projéteis alojados em seus corpos até hoje”, diz o relatório.

Os fazendeiros denunciados pelo MPF chegaram a ter a prisão preventiva decretada, mas desde outubro de 2016 respondem em liberdade. Eles são acusados de formação de milícia armada, homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado, lesão corporal, dano qualificado e constrangimento ilegal. 

“Esse é um momento simbólico”, avalia Eliel Benites, liderança do movimento dos professores Guarani e Kaiowá e integrante da Aty Guasu – Grande Assembleia Guarani e Kaiowá. “Há uma grande expectativa de que esse julgamento seja positivo, porque a gente vivencia aqui no nosso estado uma normalização da violência contra os indígenas, especialmente do povo Guarani e Kaiowá”.