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Saúde

Associação ainda aguarda resposta para a falta de médicos na PAI

26 abril 2021 - 12h18

A diretoria da Abraço a Paralisia Cerebral (Associação das Famílias Atípicas de Mato Grosso do Sul) ainda aguarda uma resposta por parte da Prefeitura quanto ao problema já relatado, inclusive da tribuna da Câmara de Vereadores, pelo presidente da entidade, professor Antonio Hannah, sobre a dura realidade enfrentada pelas famílias atípicas do município em relação ao atendimento da PAI (Policlínica de Atendimento Infantil) em Dourados, conforme repercutiu o DOURANEWS em várias reportagens sobre o tema.

O presidente da Abraço se reuniu, dia 13 deste mês, na Câmara, com o vereador Fabio Luis (Republicanos), oportunidade em que mostrou um relato de como a saúde pública em Dourados vem sendo desmontada ao longo de gestões. “Muitos desses gestores não se preocuparam com os cidadãos que, como contribuintes e principalmente como seres humanos, estão sendo, ainda, desrespeitados em seus direitos ao acesso gratuito ao sistema público de saúde”, definiu o professor.

Ele lembrou que, apesar de o artigo 196 da Constituição Federal sustentar que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, o que se vê são hospitais públicos caindo aos pedaços (literalmente), profissionais da saúde adoecendo cada vez mais devido aos mais variados fatores, dentre eles o estresse e o acúmulo de funções devido à falta de contingente necessário para atender a demanda com qualidade e dignidade.

Segundo o relato do professor Antonio Hannah, que é pai atípico, “as crianças atípicas (portadoras de necessidades especiais) de Dourados e da região da Grande Dourados, que precisam de atendimento e acompanhamento contínuo com médico especialista em neuropediatria, estão desde o final do ano passado sem atendimento, devido à revogação do contrato do médico especialista que atendia na PAI”.

Não bastasse a falta de neuropediatra, “ainda é constante a falta de medicamentos de uso contínuo na rede pública, tanto os de baixo custo quanto os de alto custo”, relatou no encontro com o vereador, assim como também é constante a falta de insumos hospitalares para as crianças atípicas, especialmente as que fazem uso de traqueostomia que precisam ser aspiradas constantemente. “A sonda de aspiração é ‘lenda’, e, parece irrisório, mas as vezes não tem nem gaze para fazer um curativo simples. Nem sempre tem dietas especiais de uso dos nossos filhos atípicos. O Pregomin (componente de uma dieta especial), por exemplo, não há na URMI (Unidade de Regulação de Medicamentos e Insumos) há ‘séculos’”, disse o presidente da Abraço.

Segundo ele, a Associação ajuda a custear as consultas, medicamentos e insumos que as crianças das famílias atípicas associadas necessitam, por meio de doações e ações solidárias para arrecadar fundos. “Estamos fazendo o papel do Estado. Não que estamos nos furtando de fazer nosso papel como pais, mas não é justo fazer aquilo que o Estado deveria fazer e não faz, devido às más gestões que Dourados teve nos últimos anos”, ressaltou o presidente.

Cobrança

Após esse encontro na Câmara, o vereador Fabio Luís visitou a PAI no dia dia 16 de abril e constatou in loco a falta dos profissionais médicos na área de neuropediatria e psiquiatria. Segundo o vereador, “conforme informações não oficiais divulgadas pela imprensa local, os referidos contratos não podem mais ser renovados, em se tratando de informação verídica, deveria a administração ter trabalhado na previsibilidade do fato, antecipando-se assim a essa deficiência que afeta diretamente a saúde de centenas de usuários do sistema de saúde”.

O vereador constatou que os atendimentos nessas áreas médicas são imprescindíveis para diagnosticar e indicar os tratamentos necessários para crianças acometidas pelas mais variadas patologias e síndromes que necessitam de acompanhamento contínuo”. Ele protocolou requerimento na Câmara questionando a Prefeitura quanto aos motivos para a suspensão das especialidades, “uma vez que possuem caráter essencial para a qualidade de vida dessas crianças”.

Fabio Luis solicita do Executivo “esclarecimento sobre suposta suspensão de contratos com médicos especialistas em neuropediatria e psiquiatria infantil para atender a PAI e que trabalho foi feito, sabendo do término desses acordos, para que essas crianças não ficassem sem o atendimento necessário”. Um neuropediatra procurado para atender na Policlínica teria recusado a oferta de trabalho pelas condições impostas para o atendimento na Policlínica de Atendimento Infantil. “Contatamos com este profissional e ouvimos dele que, ‘além do salário estar defasado a pessoa representando a Secretaria municipal de Saúde queria que o atendimento não ultrapassasse dez minutos’, o que o médico considerou desumano. “Atender uma criança com paralisia cerebral grave em dez minutos é inconcebível”, concluiu o neuropediatra ao recusar a vaga.

Segundo o presidente da Abraço em Dourados, todos os ofícios encaminhados aos órgãos competentes, como aos Conselhos Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescentes e da Pessoa com Deficiência, assim como a vários vereadores, ainda não foram oficialmente respondidos. “Isso é uma demonstração de que a atual gestão ou está perdida, sem rumo, ou não tem responsabilidade com as famílias atípicas”, concluiu o pai atípico.