A prevenção é a melhor alternativa contra o câncer de mama. Essa é opinião unânime entre médicos especialistas que participaram da Audiência Pública “Outubro Rosa – Nossa Luta é Pela Sua Vida”, realizada na noite desta quinta-feira (30) na Câmara de Dourados. No município, são 205 novos casos da doença por ano e a descoberta precoce do tumor tem assegurado mais de 90% de chances de cura, de acordo com os profissionais.
“Fui acometida pelo câncer de mama em 2005, fiz todo meu tratamento em Dourados e por conta disso me voltei para essa luta contra a doença”, destacou a vereadora Virgínia Magrini (PP), presidente voluntária da ACCGD (Associação de Combate ao Câncer da Grande Dourados) que propôs a audiência. “Para quem tem câncer, o tempo corre contra. A gente sabe que só o diagnóstico precoce é capaz de nos dar a cura”.
O cirurgião geral Aroldo Boigues ressaltou a importância da prevenção contra o câncer de mama, o segundo mais freqüente no mundo. As estimativas oficiais apontam para a ocorrência de 52 mil novos casos da doença por ano no país, 740 deles em Mato Grosso do Sul e 205 em Dourados.
“No Estado, quase 50% dos casos ainda são diagnosticados em estágio tardio, o estágio 3”, informou, destacando que o câncer de mama, embora atinja mulheres em 99% dos casos, também exige a atenção dos homens.
Boigues mencionou a importância da vida saudável enquanto prevenção primária. Já a prevenção secundária consiste em tentar diagnosticar o mais precocemente possível o tumor. “Auto-exame é bom, mas não é a forma mais correta, porque só permite notar o tumor quando ele tem a partir de 1 centímetro e o ideal é diagnosticá-lo no tamanho da cabeça de um alfinete, o que só é possível com a mamografia”, esclarece.
Mais bonita
De acordo com a cancerologista e oncologista clínica Viviane Andreatta, o tratamento pós cirúrgico pode ser complementado pela radioterapia (antes ou depois da quimioterapia), indicada sempre que há conservação da mama nas masectomias quando o tumor é maior ou igual a 5 centímetros. Como as aplicações são diárias e desgastantes para os pacientes, o apoio prestado pela Casa da Rede Feminina de Combate ao Câncer ajuda muito, segundo ela.
Já a quimioterapia pode ser feita depois da operação, antes ou paliativa. Conforme a médica, em Dourados a quimioterapia é ininterrupta em 30% dos casos. “O melhor tratamento é o precoce, através da mamografia. O Outubro Rosa para mim como oncologista significa não deixa o câncer aparecer na ponta dos seus dedos”, refletiu. “Quanto antes eu pegar o tumor menor de 1 centímetro, melhor para todo mundo”, afirmou.
Segundo Viviane, no ano passado 269 mulheres e seis homens fizeram tratamento no Hospital do Câncer de Dourados. Desses pacientes, 18% chegaram em estágios iniciais, 56% em estágios localmente avançados e 26% em estágio clínico incurável. “Se detectar antes de sentir pelos dedos, as chances de cura são maiores de 90%”, informou.
Cirurgião plástico, Douglas Menon considera que a mulher que recebe diagnóstico de câncer de mama “começa a experimentar todo tipo de sentimento negativo, muitas vezes se sentindo culpada ou buscando culpados”. “O câncer de mama não afeta apenas o paciente. Afeta o cerne de sustentação de toda família que é a mulher e leva todo esse sentimento negativo para os filhos, o marido”, afirmou.
Responsável pela reconstrução mamária de pacientes que venceram a doença, o médico ilustrou os vários tipos possíveis de procedimentos e enfatizou que em Dourados eles são possíveis porque a ACCGD doa as próteses definitivas de silicone, algo que deveria ser feito pelo governo federal através do SUS (Sistema Único de Saúde).
“A função principal do cirurgião plástico é mostrar que o monstro enfrentado com a doença não é tão grande. O câncer de mama é mais um degrau da nossa vida. A paciente vai passar por ele e pode ser mais forte, mais feliz e por, que não, ficar ainda mais bonita?”, concluiu.
