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Questão tem sido tema de ações e discussões em todo o Brasil. Em Dourados, a invasão dos outdoors vem poluindo visualmente a cidade, sem qualquer medida para sua contenção

O tema poluição visual vem sendo discutido incansavelmente em todo o Brasil. Segundo estudiosos, o excesso de elementos ligados à comunicação visual - como cartazes, anúncios e propagandas, baners, placas e outros - dispostos em ambientes urbanos, especialmente em centros comerciais e de serviços é a definição mais simples de poluição visual.

É ponto comum de entendimento, que o meio-ambiente urbano vem sendo degradado pela profusão de imagens e cores decorrentes dessa exposição.

Para esses mesmos estudiosos, a chamada poluição visual não afeta apenas a paisagem urbana, como também a saúde de sua população e uma das formas de combatê-la é através de limitações administrativas, que têm por fundamento a função social da propriedade, a defesa do meio ambiente e do consumidor.

Na cidade de São Paulo, foi sancionada a “Lei da Cidade Limpa” (nº 14.223/06), que vem ao encontro das diretrizes da Constituição Federal e de normas infra-constitucionais, objetivando evitar maior degradação do meio-ambiente urbano e trazer a recuperação da paisagem e da estética da cidade.

Dourados hoje vive uma invasão de outdoors. Eles estão espalhados pela cidade de todas formas e tipos, sem que haja um padrão especificado pela prefeitura, como acontece na capital paulista.

Numa rápida pesquisa, podemos encontrar outdoors com vários problemas. Alguns mal feitos, outros em locais proibidos, prejudicando a visibilidade e, quando acontecem as trocas de anúncios, é comum encontrar-se sob eles restos de papel, uma sujeira que além de tudo, contribui para maior poluição visual da cidade.

Empresariado

Sintonizado na temática, o Douranews ouviu a população, como também alguns empresários do ramo. Para os empresários, a criação de uma lei semelhante à de São Paulo, provocaria prejuízos às firmas, como diz Oscar Rafael, primeiro a trazer o serviço de propaganda via outdoors para Dourados. “A implantação de uma lei dessas aqui vai ser bem complicado. Eu trabalho com outdoors desde os anos 80 e fui eu que implantei esse tipo de serviço em Dourados, trazendo de Presidente Prudente e a proibição de outdoors complicaria a minha vida”, disse ele, acrescentando também que “muitas pessoas que atuam nessa área ficarão desempregadas”.

Outro a contestar a criação de tal lei é o proprietário da Seridoor, Osmarino Teixeira. “Essa idéia é horrível porque os outdoors são um veículo de comunicação das empresas que querem fazer os seus anúncios, que no caso é mais prático e mais fácil e de maior visualização”, diz ele. Quanto à padronização, ele explica que “o problema é que muitas empresas montam os seus outdoors de qualquer jeito só para ganhar dinheiro”, alertando que neste caso as próprias empresas são as mais prejudicadas “porque os seus anúncios saem de qualquer jeito, sem qualidade”.

Osmarino admite ainda que “a população também é prejudicada porque os outdoors são montados de qualquer forma e com o passar do tempo eles começam a ficar danificados, por falta de manutenção, e tem o perigo de cair”.

Povo fala

Por outro lado, a população concorda com a possível criação de uma lei que padronize os serviços. A dona de casa Andréia da Silva, acha que “tem alguns outdoors que se tornam perigosos para a população, principalmente porque são montados de qualquer jeito, isso sem falar na sujeira que eles deixam na cidade”.

Juliana de Araújo, que trabalha como atendente, é favorável à normatização, pois “se os outdoors forem montados certos em lugares que não atrapalhem ninguém, não vejo problema algum”.

Já o motorista Silvio Roberto da Cruz é de opinião que a Prefeitura de Dourados tinha que ter um órgão que cuidasse disso, não deixando as empresas montarem esses outdoors de qualquer jeito, fiscalizando para controlar principalmente as sujeiras que eles fazem na cidade”, aponta.

Outros elementos

Além dos outdoors, os estudos confirmam que diversos outros elementos contribuem diretamente para a poluição visual, como faixas, cartazes em postos de gasolinas, farmácias, supermercados e até mesmo as mídias manuais, normalmente entregues a pessoas que ficam em canteiros centrais de ruas, praças e outros lugares de grande movimento.

Para Issao Minami, um dos mais respeitados arquitetos e urbanistas do Brasil, a poluição visual é um problema urbano mais grave do que se imagina e não só causa danos à estrutura urbana, como também prejudica a qualidade de vida da população.

"Praticamente, o outdoor é uma mídia compulsória. Ele está nas ruas, praças e avenidas, aberto a toda população. Não necessita ser comprada, nem ligada, nem folheada. Não se cobra ingresso para vê-la. O consumidor é indefeso a uma mensagem veiculada em outdoor." E lança as perguntas: "Como calcular quantas pessoas por dia estão vendo uma mensagem em outdoor? Como calcular quantas vezes um consumidor foi impactado pelo mesmo cartaz, num determinado período? "Uma empresa de comunicação visual anuncia em folheto promocional algumas das vantagens da mídia externa, em topo de prédios e empresas: possibilita ao anunciante ter um ponto exclusivo, que se torna referência marcante da paisagem urbana; mídia exposta 24 horas aos olhos do consumidor, impactando o público-alvo diversas vezes ao dia".

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