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Economia

Ética nas relações empresariais valoriza o mercado, defende filósofo Pondé

20 setembro 2018 - 13h24

Com a temática “Os desafios de empreender no cooperativismo” a Unigran está realizando a segunda edição da Feira de Negócios. O filósofo brasileiro Luiz Felipe de Cerqueira e Silva Pondé falou sobre ética, abordando questões como virtudes, imaginário e deontologia e ainda respondeu questionamentos do público sobre esses assuntos.

Para Pondé a ética só é concreta quando todos a praticam, pois ela contagia, e a grande dificuldade do momento é que as pessoas não se preocupam mais com nada. “A discussão ética normalmente leva a uma maior consciência, nem sempre para todos na mesma quantidade, mas leva uma maior consciência de como as pessoas se relacionam, discussões éticas têm hoje uma função que é melhorar um pouco o convívio”, declara.

Para ele há um caráter ambíguo das relações, dos valores, dos processos, pois o mundo é bastante incerto. “No ponto de vista do mercado de trabalho, ele é incerto do ponto de vista das relações afetivas, então eu diria que além de ambivalente ele é bastante incerto, e também o mundo nunca foi tão volátil, no sentido de que você tem alguns processos que vão impactando, tanto a vida afetiva, quanto o mercado de trabalho, que são os dois ramos mais importantes na vida das pessoas e eles podem se transformar a cada momento de forma muito grande”.

E essa dificuldade ainda é somada, de acordo com Pondé, ao alto nível de burocracia existente no Brasil. Para ele esse é o maior entrave do empreendedor hoje e das questões éticas, a problemática de fazer as coisas corretamente em um país que exige mais do que oferece, que dificulta a vida dos empresários e quem deseja se tornar um.

Em um processo comparativo com Israel, o filósofo explica esses níveis. “Lá os processos financeiros, de gestão, econômicos são muito simples, Israel só cresce economicamente há muitas décadas, você chega no banco abre uma conta fácil, tem cartão de crédito, aqui no Brasil precisa de 5 carimbos, 48 assinaturas, então eu diria que a primeira coisa que falta no Brasil é que precisamos de um estado que não atrapalhe a vida dos outros”.

Para ele há também a própria preocupação dos brasileiros e, acima de tudo, dos jovens dessa nação, com o futuro, pensando em concursos públicos e uma vida tranquila. “Não acho que falta capacidade, vontade, no sentido de que os brasileiros são como todos os outros seres humanos”, destaca.

Tendo em vista a preocupação do filósofo com os jovens, Pondé também respondeu a questionamento feito sobre a importância da educação alinhada a esses conceitos, primando pela qualidade de ensino. “A única forma possível de primar por uma educação superior de qualidade é a capacidade que a instituição tem de oferecer empregabilidade”, definiu.

Quem é Pondé

Possui graduação em FIlosofia Pura pela Universidade de São Paulo (1990), mestrado em História da Filosofia Contemporânea pela Universidade de São Paulo (1993), DEA em Filosofia Contemporânea - Universite de Paris VIII (1995), doutorado em Filosofia Moderna pela Universidade de São Paulo (1997) e pós-doutorado (2000) em Epistemologia pela University of Tel Aviv. Atualmente é professor assistente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professor titular da Fundação Armando Álvares Penteado. Outros vínculos significativos em pós-graduação: Escola Paulista de Medicina, Unifesp, professor e pesquisador convidado (2007) , University of Warsaw, professor convidado (2007), Universität Marburg, professor e pesquisador convidado (2002 e 2003) - University Of Tel Aviv, pesquisador (1999 a 2000) - Universite de Paris VIII, pesquisador (1994 a 1996) - Universidad de Sevilla, professor convidado (2005) - Universite Catholique de Louvain (2002 até o presente) e colunista exclusivo do Jornal Folha de S. Paulo. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Ciências da Religião e Filosofia da Religião, atuando principalmente nos seguintes temas: religião, mística, santidade, angústia, modernidade/Pós-modernidade e epistemologia.