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Finanças Pessoais

Em tempos de 'economia estável', produtos da cesta básica sobem 8,50% em um mês

08 novembro 2020 - 14h18

O valor da Cesta Básica de alimentos no mês de outubro, comparado com o mês de setembro deste ano, apresentou forte aumento e chegou a 8,50% de variação no período. É o que constata a pesquisa realizada pelo Projeto de Extensão ‘Índice da Cesta Básica do Município de Dourados’, desenvolvido pelo curso de Ciências Econômicas da Face, a Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Economia da Universidade Federal da Grande Dourados na última semana do mês passado e no começo deste mês.

Os preços da cesta básica ficaram em R$ 498,19 no mês de setembro, o que significa 47,67% do salário mínimo mensal, de R$ 1.045,00. No mês de outubro o trabalhador douradense teve que destinar mais da metade do salário mínimo (51,73%) para a compra dos produtos da cesta básica, consumindo R$ 540,55 só para comprar alimentos.

Os produtos que compõem a Cesta Básica, conforme o Dieese (o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) de acordo com a Lei 399, que estabeleceu o salário mínimo são: açúcar, arroz, banana, batata, café, carne, farinha de trigo, feijão, leite, margarina, óleo de soja, pão francês e tomate.

A partir da Constituição Federal de 1988, o trabalhador brasileiro deve trabalhar 220 horas mensais. Com isso, no mês de setembro, um trabalhador douradense tinha de trabalhar 104 horas e 53 minutos para pagar a cesta básica e no mês passado este mesmo trabalhador precisou de um tempo bem superior para comprar alimentos: 113 horas e 48 minutos. Isso representou uma perda significativa do poder de compra, comparado com o mês anterior.

Já no âmbito nacional, o maior preço da Cesta Básica, em outubro, foi registrado na capital de São Paulo: R$ 595,87; seguido pelo Rio de Janeiro com R$ 592,25 e a terceira capital com maior preço apurado foi Florianópolis (em Santa Catarina) com R$ 584,76. Em 15 capitais das 17 capitais pesquisadas no Brasil, conforme constata o Dieese, houve aumento de preços. Os menores preços do mês foram encontrados na capital da Paraíba, João Pessoa, com R$ 449,97; em Aracaju (Sergipe) com R$ 442,26 e o menor preço da Cesta Básica do país no mês referido foi registrado em Natal (Rio Grande do Norte), com R$ 422,31 pelo segundo mês consecutivo.

De acordo com o levantamento do curso da UFGD, os menores preços foram praticados nas capitais da Região Nordeste do país, fato este que se repete desde o início da pesquisa.

Carne, óleo de soja e arroz

Dos 13 produtos que compõem a Cesta Básica, 10 apresentaram aumento de preços no mês de outubro: a batata, com o maior índice do mês (76,71%); o tomate com 20,07%; óleo de soja com 17,86%; a carne com 7,33%; a banana com 6,92%. E ainda o arroz com 6,71%; o açúcar com 4,53%; o feijão com 2,64%; o pão francês com 1,27% de aumento e o café com uma pequena elevação de preços, de 0,74%.

Destes produtos, a carne e o óleo de soja apesentaram uma elevação de preços pelo quinto mês consecutivo, o arroz pelo quarto mês seguido e tomate e açúcar pelo terceiro mês seguido. O que levou ao aumento de preços no mês de outubro foram os produtos que têm maior peso na composição da Cesta Básica: carne, tomate, pão francês e feijão que no total representam 72,91% do total. Somente três produtos registraram queda de preços no período, comparado com o mês anterior: a margarina com 2,94%; a farinha de trigo com 1,20%; e com uma pequena queda de preços o leite, com 0,85%.

O efeito do câmbio

Dos 13 produtos da Cesta Básica, três sofreram efeito direto da desvalorização do Real perante o Dólar, como é o caso da carne, óleo de soja e arroz. “Da carne porque a maioria dos produtores nacionais preferem exportar seus produtos por causa dos preços mais competitivos para os produtores. A elevação dos custos de produção do arroz devido à necessidade de importação de insumos do exterior e, finalmente, no óleo de soja, a exportação da soja tem aumento expressivo desde março deste ano, com isso, os produtores preferem vender do que destinar a produção de óleo para o mercado interno”, avalia o professor Enrique Duarte Romero, coordenador do trabalho.

Comparando os preços destes três produtos com o mês de outubro do ano passado, verifica-se aumento expressivo nesse período de um ano. Assim, o aumento da carne foi de 47,89%; o arroz aumentou 93,34% e o óleo de soja teve uma alta impressionante, de 109,35%, “isso quando a economia brasileira está numa estabilidade, com inflação baixa no período referido, o que nos deixa preocupados, porque a alimentação tem um efeito significativo na população com renda mais baixa”, conforme o professor.

Ainda conforme os estudos do Dieese, e levando em consideração a determinação da Constituição brasileira que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para cobrir as despesas do trabalhador brasileiro e da família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o valor do salário mínimo necessário em outubro para a manutenção de uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças) deveria equivaler a R$ 5.005,91, ou seja, 4,79 vezes mais do que o mínimo vigente, de R$ 1.045,00. No mês de setembro o “salário mínimo ideal” teria que ter sido de R$ 4.892,75, o que significa 4,68 vezes o salário mínimo vigente.

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