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Agronegócio

Em crise, São Fernando demite mais e reduz produção

22 junho 2016 - 14h28

Empreendimento anunciado como negócio sólido e consistente, quando começou a operar, no início de 2009, a Usina São Fernando Açúcar e Álcool projetava atingir em 2017 a capacidade plena de produção. A partir de 2013, porém, ao entrar em processo de insolvência, o grupo passou a conviver com a síndrome de escândalos que atingiu o PT e aliados, como o empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, preso pela PF (Polícia Federal) na 21ª fase da Operação Lava Jato, por suspeita de obstruir os trabalhos da PF. Agora, além de não pagar salários de quem trabalha, a usina, com uma dívida estimada em R$ 1,4 bilhão, vem promovendo o desemprego em série. De acordo com o sindicato dos trabalhadores da área, cerca de 600 já perderam o emprego nos últimos sete meses.

As empresas do grupo de Bumlai [além da usina São Fernando, a São Fernando Energia I Ltda, São Fernando Energia II Ltda, São Marcos Energia e Participações Ltda e São Pio Empreendimentos Participações Ltda] passam por um processo de recuperação judicial que corre na 5ª Vara Cível de Dourados desde 2013. Nesse período, enfrentou pedidos de falência de credores como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e denúncias envolvendo o principal acionista.

Recuperação judicial

Reportagem produzida pela rádio FM94 mostra que, nomeado pelo juiz Jonas Hass Silva Júnior para atuar como administrador judicial das empresas e evitar a falência, o escritório Vinicius Coutinho Consultoria e Perícia S/A Ltda informou dívida total de R$ 1.327.978.900,00 em documento anexado ao processo no dia 17 de junho de 2013. No dia 21 de março de 2016, ao trocar ofícios com o desembargador Fernando Mauro Moreira Marinho, que julgava um agravo de instrumento interposto pela Heber Participações na 4ª Seção Cível do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), o magistrado de 1ª instância relatou que as empresas do Grupo São Fernando “devem em torno de 1,4 bilhão de reais”.

A dívida crescente do Grupo São Fernando é agravada pelos resultados negativos dos balanços fiscais apresentados até agora, por R$ 488.483,578,66 em contas atrasadas desde 2015 e cinco pedidos de falência feitos pelo maior credor, o BNDES. O resultado dessa crise é sentido, sobretudo, pelos trabalhadores. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Açúcar e Álcool de Dourados, Donizetti Aparecido Martins revelou que em outubro de 2015 foram ao menos 400 homologações de acordos para rescisão contratual. Em maio deste ano, mais 180 demissões. São quase 600 desempregados num intervalo de sete meses.

O sindicalista reconhece que a situação é preocupante, mas argumenta que nesse mesmo período 120 trabalhadores foram remanejados ou readequados no quadro da empresa para evitar mais demissões. “Infelizmente, como a empresa está numa situação difícil, não tem a mesma produção”, pondera o sindicalista.