Após um período de comercialização mais aquecida em função de preços em patamares atrativos e subvenções do governo por meio de leilões do Prêmio para Escoamento da Produção (PEP), os especialistas consideram que o mercado interno brasileiro de trigo está mais acomodado.
"Com as atenções voltadas para a colheita e início da comercialização de soja e milho, os agentes do mercado deixaram as preocupações com o trigo de lado, uma vez que o cereal demonstra tendência de estabilidade", afirma Elcio Bento, analista de Safras & Mercado. De acordo com Bento, o mercado de trigo está calmo a nível de produtor e com negócios pontuais nos moinhos.
No Paraná, onde se intensificam os trabalhos de colheita e comercialização de milho e da soja, as cotações no mercado físico de trigo permanecem em patamar estável. Em Maringá, as cotações do trigo pão indicadas são de R$ 480 por tonelada na compra e R$ 500 por tonelada na venda. Em relação ao mês de janeiro, as cotações tiveram alta de 4,3%.
Nos países exportadores “mercosulinos”, as indicações de preços nos portos sofreram altas. O trigo argentino para exportação, com embarque em fevereiro pelo porto de Up River, é indicado a US$ 335 por tonelada na compra e a US$ 338 por tonelada na venda. A alta em relação ao mês de dezembro de 2010 é de 13,2%.
No Porto de Necochea, na Argentina, as indicações para exportação do cereal são de US$ 330 por tonelada na compra e US$ 335 por tonelada na venda apontando para valorização de 43,5% em relação à igual período em 2010 quando o trigo argentino neste porto era indicado a US$ 230 por tonelada.
No Uruguai, a indicação de preços é de US$ 330 por tonelada na compra e a US$ 336 por tonelada na venda, com alta de 13% em relação à igual momento em dezembro de 2010 e de 43,5% quando comparado ao mesmo período de 2009. "Esta recuperação deve-se à elevação das cotações internacionais, que seguem nos maiores patamares desde o período anterior à crise financeira internacional de setembro de 2008", destaca o analista.
No Golfo do México, o trigo Hard de Kansas é negociado a US$ 348 por tonelada nesta terça-feira (01/02). Com a Tarifa Externa Comum (TEC), adicional sobre o Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) e demais despesas, este cereal chegaria aos moinhos nacionais a US$ 465 por tonelada, ou, com o câmbio desta sexta-feira (04/02), a R$ 772 por tonelada Cif São Paulo. Para Elcio Bento, isso significa que aos preços atuais o trigo argentino ainda é US$ 81 por tonelada mais acessível que o norte-americano quando se trata do abastecimento do maior importador da América. "Então, há espaço para novas recuperações na Argentina e, consequentemente, no Brasil", diz o especialista.
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