O ex-governador Wilson Barbosa Martins chega aos 100 anos de idade nesta quarta-feira (21) e a data será celebrada com uma série de homenagens na capital do Estado, a começar pela sessão especial da Academia Sul-mato-grossense de Letras, às 19 horas, e depois, na segunda-feira (26), sessão solene na Assembleia Legislativa, a partir das 19h30, com a participação da Orquestra Sinfônica de Campo Grande e dos artistas Alzira e Jerry Espíndola.
De acordo com texto produzido pela Academia estadual de Letras sobre esse fato, “a vida se fabrica por si própria, entre envelhecer e resistir. Chegar aos cem anos ou ir além não é só caminhar com a história, mas atravessar séculos e adaptar-se a eles. É, principalmente, enfrentar e vencer os altos e baixos do tempo, empreender uma travessia pelo mundo dentro de si. Completar cem anos de vida é um privilégio de poucos, é uma data a ser celebrada e compartilhada com todos. Sobre trajetórias de vida, o poeta Oscar Wilde escreveu: “Qualquer pessoa pode fazer história, mas apenas um grande homem pode escrevê-la”.
Ex-governador de Mato Grosso do Sul (primeiro eleito pelo voto popular em MS), ex-senador da República, ex-deputado federal e ex-prefeito de Campo Grande, Wilson Barbosa Martins fez história, marcou a história e escreveu sobre ela. Pelo seu legado de homem público, pela figura ímpar como marido, pai, avô e bisavô, ele merece todo nosso respeito, admiração e carinho. “Aos jovens que não o conhecem, sejam bem-vindos a este capítulo da nossa história. A vida pode ser um sopro, como disse Oscar Niemeyer, mas pode ser também uma grande inspiração. E esta, tenham certeza, é”.
Considerado um dos políticos mais queridos e respeitados de Mato Grosso do Sul, com brilhante atuação na reconstrução da democracia brasileira e do nosso Estado, Wilson Martins é também um humanista e intelectual de primeira estirpe. É membro do Instituto Histórico e Geográfico de MS e da Academia Sul-mato-grossense de Letras.
Biografia
Wilson Barbosa Martins nasceu no dia 21 de junho de 1917 na fazenda São Pedro, região da Vacaria, que pertenceu a Campo Grande e hoje faz parte de Rio Brilhante, município criado em 1948, anteriormente denominado Entre Rios e Caiuás, em homenagem aos índios que ali habitavam. Formou-se em direito na Faculdade do Largo de São Francisco em São Paulo e teve como colegas Ulysses Guimarães, José Fragelli, entre outras figuras que mais tarde também deixaram seus nomes inscritos na história política brasileira.
Em 1946 exerceu o cargo de secretário-geral da Prefeitura de Campo Grande, na administração do prefeito Fernando Correa da Costa (que também foi governador do Mato Grosso). Em 1958 foi eleito prefeito da cidade, substituindo Marcílio de Oliveira Lima. No período da sua administração, concurso promovido pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam) e revista O Cruzeiro, elegeu Campo Grande como um dos cinco municípios de maior progresso no Brasil.
Filiado à UDN, foi eleito deputado federal pelo estado do Mato Grosso em 1963. Quando do advento do bipartidarismo no país, aderiu ao MDB, que ajudou a fundar. Reeleito em 1966, foi cassado pelo Ato Institucional número 5 em 1969, tendo seus direitos políticos suspensos por 10 anos. Em 1979 foi eleito o primeiro presidente da OAB, secção Mato Grosso do Sul, no mesmo ano recupera seus direitos políticos e em 1982 retornou à cena política elegendo-se governador do Estado, o primeiro eleito pelo voto direito para governar Mato Grosso do Sul. Antes do fim de seu mandato desincompatibilizou-se para disputar, em 1986, uma vaga ao Senado, integrando a Comissão de Sistematização da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a nova Carta Magna do país. Na eleição de outubro de 1994 foi novamente eleito governador do Mato Grosso do Sul, na legenda do PMDB, já no primeiro turno e com 41,43% dos votos. Em agosto de 2005, foi homenageado pelo Conselho Federal da OAB em seu Projeto Memória, destinado a profissionais de cada estado brasileiro que tenham prestado grandes serviços à advocacia e contribuído de forma relevante para a história da entidade.
Em 2010 publicou o livro Memória – Janela da História. Dividido em 12 capítulos e com mais de 350 páginas, a obra, além de sua trajetória pessoal, retrata episódios importantes da história de Campo Grande, de Mato Grosso do Sul e do Brasil. É viúvo da escritora e artista plástica, Nelly Martins (que impulsionou a cultura do Estado nos dois governos do seu marido), com quem teve três filhos: Nelson, Thaís e Celina. Nelly Martins faleceu em 2003. Celina Martins Jallad tornou-se deputada estadual pelo PMDB de Mato Grosso do Sul e exerceu quatro mandatos consecutivos. Foi eleita para o Tribunal de Contas em 2010, mas um câncer de mama tirou-lhe a vida precocemente em fevereiro de 2011. Tem oito netos – um deles falecido (Zedú, filho de Celina) – e nove bisnetos.
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