'Folia de Reis' é retratada em quadro de Edward Ziff - (Foto: Reprodução)Chegou o dia que marca o fim do ciclo natalino, conforme o calendário litúrgico do catolicismo. É neste momento que os fiéis desmontam todas as decorações de Natal de suas residências: da árvore ao presépio.
Isso porque, neste sábado (6), é celebrado o Dia de Reis, data que representa a visita dos reis magos ao menino Jesus. A comemoração dá início ao intervalo conhecido, pela agenda católica, como Tempo Comum, quando as decorações natalinas já não condizem mais com o contexto das leituras bíblicas nas missas.
No Brasil, a data também é celebrada nas ruas de diversas cidades, através da ‘Folia de Reis’. A comemoração inicia-se na noite de Natal e se estende até o dia 6 de janeiro, quando acontece a festa
dos ‘Santos Reis’. Durante esse período, os fiéis percorrem bairros, cidades e fazendas, cantando
em versos transmitidos, de geração em geração, o anúncio do nascimento de Jesus, seu padecimento e morte.
Quem participa da Folia?
Como explica a pesquisadora da Cultura Popular Tradicional, Marlei Sigrist, as pessoas que integram os grupos de foliões são, em primeiro lugar, os fiéis.
“Os grupos de foliões, geralmente, se organizam para cumprir uma promessa, ou se fazem presentes por fortes laços de amizade com os organizadores mais antigos. Em meio à modernidade, ainda é uma tradição muito difundida e presente em Portugal, principalmente nas regiões de Beira-Alta, Beira-Baixa, Minho e Trás-os-Montes”, explica.
E na tradição de percorrer as ruas da cidade, os foliões são acolhidos nas residências, recebem donativos – normalmente doados para entidades -, lancham e cantam versos em frente aos presépios. E, assim, segue-se, há mais de 800 anos. É que este costume começou em 1223, na cidade de Greccio (Itália), a partir dos presépios criados por São Francisco de Assis. O ato foi popularizado em Lisboa, por volta de 1391, com cantos e danças populares.
No Brasil, a ‘Folia de Reis’ chegou graças aos jesuítas, principalmente através do teatro popular e da catequese. E assim como em diversos estados brasileiros, Mato Grosso do Sul também mantém, espalhadas principalmente nas cidades interioranas, as tradições que passam de avós, para pais; de pais, para filhos.
Em Dourados
A família Benites realiza todos os anos o Dia de Reis com festa. Mesmo após o falecimento de uma das principais organizadoras do evento, dona Maria Benites (in memorian), a filha dela Lilian Beatriz Benítes Ortiz ajuda os demais familiares a manter a tradição de mais de 100 anos.
O cortejo acontece na Rua Monte Alegre, saindo da rua Rua Nely Todeschini, no Jardim Santa Maria, e finalizando na Rua Paissandú, no Jardim Guanabara, onde é montado o palco para as apresentações. O pesquisador norte-americano Edward Ziff estudou essa tradição e pintou um quadro com uma das manifestações dos foliões douradenses.
Durante os festejos são realizadas rezas, cantorias, dança e muita comida oferecida para a comuni-dade e devotos. Os festejos, que significam a visita dos três Reis Magos (Belchior, Gaspar e Baltazar) a Jesus Cristo recém-nascido, são comemorados em Dourados desde 1904 pela família Benites.
Conforme a história, a Folia de Reis é um festejo de origem portuguesa ligada às comemorações do culto católico do Natal que, trazidos para o Brasil, se mantém vivo nas manifestações folclóricas de muitas cidades, sobretudo da região Nordeste.
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