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Votação da Constituinte na Venezuela foi manipulada pelo governo, denuncia empresa responsável

02 agosto 2017 - 14h55

A Smartmatic, empresa responsável por sistema eleitoral na Venezuela, afirmou nesta quarta-feira (2) que o número de eleitores que participaram da votação que elegeu a Assembleia Constituinte foi manipulado. O governo anunciou a participação de pelo menos um milhão a mais de votantes no pleito de domingo (30), segundo a Reuters.

Em uma entrevista coletiva em Londres, o diretor-executivo da Smartmatic, Antonio Mugica, afirmou que “sem dúvida, a taxa de participação na recentes eleiçõe para Assembleia Nacional Constituinte foi manipulada”.

"Uma auditoria permitia conhecer a taxa exata de participação. Estimamos que a diferença entre a participação real e a anunciada pelas autoridades é de pelo menos um milhão de votos", afirmou.

Julio Borges, presidente do Parlamento (que é de maioria opositora), anunciou que irá pedir à procuradoria uma investigação sobre a denúncia, de acordo com a agência Efe.

A oposição já questionava o número de eleitores apresentado pelo goveno. O Conselho Nacional Eleitoral afirmou que 8 milhões de venezuelanos foram às urnas (ou 41,53% dos eleitores venezuelanos), mas a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática dizia que o número não tinha passado de 2,5 milhões (12,4% dos eleitores).

Entre 2004 e 2015, a Smartmatic participou de 14 eleições, instalou mais de meio milhão de máquinas de votação e processou mais de 377 milhões de votos na Venezuela, de acordo com informações fornecidas pela empresa ao jornal “El Universal”.

A denúncia acontece no dia em que estava prevista, inicialmente, a posse dos 545 deputados que vão redigir a nova Carta Magna venezuelana e tem potencial para aumentar ainda mais o nível de tensão no país.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, propôs a Constituinte como solução para a grave crise política do país, mas a oposição, que exige eleições gerais, considera a iniciativa uma manobra para tentar prolongar o mandato do presidente. Os opositores têm maioria no Parlamento.

Data da posse

Embora estivesse prevista para acontecer nesta quarta, o governo não confirmou o dia e horário que a polêmica Assembleia Constituinte seria empossada, o que tem criado confusão entre seus adversários.

Na terça-feira (1º), o vice-presidente venezuelano, Tareck El Aissami, disse apenas que Assembleia seria instalada em "em poucas horas". Face à indefinição, a oposição decidiu adiar para quinta-feira (3) a grande passeata de protesto que deve acontecer em Caracas.

O percurso da passeata de quinta-feira ainda não foi revelado, mas deve tentar chegar ao Palácio Legislativo, sede do Parlamento de maioria opositora e que em breve também será a sede da Assembleia Constituinte, segundo a France Presse.

Mas em quatro meses de protestos da oposição, que deixaram mais de 120 mortos, as manifestações não conseguiram se aproximar em nenhum momento do centro de Caracas, onde se concentram os poderes públicos e área que é considerada um reduto chavista.