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Crescem afastamentos por doenças mentais no trabalho

26 abril 2024 - 16h24Por Redação Douranews

Dados do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) de janeiro deste ano revelam que o número de afastamentos e aposentadorias por transtornos mentais em 2023 cresceu quase 40% em relação ao ano anterior, o que gerou quase 290 mil benefícios por algum tipo de incapacidade relacionada à saúde mental. No mês dedicado às discussões sobre saúde e segurança no trabalho, o Abril Verde, os dados revelam que a saúde mental do brasileiro no ambiente corporativo não está nada bem e acende alerta para o problema.

A sobrecarga no trabalho faz com que os trabalhadores dediquem ao máximo suas energias para atender às demandas laborais, não conseguindo encontrar meios para o descanso, recuperação, autocuidado e equilíbrio, o que gera adoecimento. Por isso, é importante compreender que os trabalhadores não são super-heróis e não devem ser vistos como tal. Eles são seres humanos que sofrem e adoecem quando expostos à sobrecarga física ou emocional no trabalho.

Um ambiente de trabalho saudável favorece a qualidade de vida dos empregados e também é uma medida vantajosa para as empresas. Afinal, funcionários saudáveis e satisfeitos são muito mais produtivos. Em primeiro lugar, as empresas precisam abordar e fornecer informações sobre a saúde mental sem tabus. Criar uma rotina na empresa onde se estimule as interações sociais e as atividades físicas. Oferecer psicoterapia como benefício e treinar suas lideranças para saber identificar quando algum colaborador está sofrendo com o estresse ou algum problema de saúde mental.

Uma das doenças mais comuns no meio de trabalho é o burnout, termo em inglês que significa esgotamento. É um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho.

O indivíduo que está com burnout sente uma exaustão extrema, esgotamento físico e perda de propósito (distanciamento e despersonalização) com o trabalho. Ele é ocasionado pelo excesso de trabalho e por um trabalho extremamente estressante. É necessário procurar ajuda profissional quando há sensação de não conseguir descansar ou relaxar nas horas vagas, não há prazer nas atividades de lazer, os pensamentos negativos de incapacidade e frustração são muito constantes e o trabalho não o motiva, ao contrário, causa sensação de pânico, desespero ou tristeza.

Esta grave situação no ambiente de trabalho já havia sido alertada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em seu relatório anual, divulgado em 2022. Segundo a entidade, há um considerável aumento de diagnósticos de depressão ou ansiedade no Brasil. São cerca de 11,5 milhões, maior número da América Latina, muitos destes adquiridos no mercado de trabalho.

O crescimento das doenças ocupacionais está relacionado a fatores individuais como baixa autoestima, envolvimento emocional excessivo, impaciência ou perfeccionismo. Também está relacionado a fatores socioeconômicos, como falta de suporte familiar e baixa remuneração, fatores organizacionais como baixa autonomia, rigidez na empresa, dificuldade de promoção, ambiente competitivo e pressão por produtividade. E a fatores laborais, como sobrecarga no trabalho, conflitos, comunicação ineficaz e intensas jornadas.

* É psiquiatra da Unimed Campo Grande