Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, de 40 anos, considerado por autoridades que investigam o crime organizado como o número 3 do Primeiro Comando da Capital (PCC), deverá ser julgado à revelia nesta segunda-feira (3) em São Paulo. O julgamento está marcado para começar às 10h30 no plenário 3 do Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital.
Gegê do Mangue é acusado de mandar matar criminosos nas ruas em 2004, quando ainda estava preso. Apesar disso, ele respondia em liberdade por esse crime. O acusado havia sido solto em 2 de fevereiro deste ano pela Justiça, atendendo pedido da sua defesa, que alegou excesso de prazo para ele ser julgado pelos assassinatos. Outra alegação é a de que o réu também havia cumprido as outras penas pelas quais havia sido condenado e não tinha mais sentido continuar detido.
Mas, posteriormente, como faltou ao próprio julgamento, que havia sido marcado para 20 de fevereiro, e também não foi localizado por ter mentido sobre endereços onde poderia estar, Gegê passou a ser considerado foragido. A Justiça então decretou sua prisão preventiva.
Ele passou a figurar na lista do site da Polícia Civil como um dos 32 criminosos mais procurados do estado. Abaixo de foto de Gegê está uma descrição do fugitivo como sendo "extremamente perigoso".
O juiz que o soltou foi Deyvison Heberth dos Reis, da Vara de Execuções de Presidente Prudente, no interior do Estado. Já o magistrado que deverá presidir o julgamento desta segunda-feira é Luis Gustavo Esteves Ferreira. Foi ele quem aguardou o comparecimento do réu no mês passado, quando ele não apareceu, e, por esse motivo, decidiu depois que ele seja procurado e preso.
Mesmo que não compareça novamente ao seu júri popular, Gegê deverá ser julgado a partir das 10h30 no plenário 3 do Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital. Sete jurados irão decidir se o absolvem ou o condenam.
Ele responde por um duplo homicídio na companhia de mais outro réu _Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka. Como o processo foi desmembrado, Vida Loka deverá ser julgado no dia 2 de maio. Apontado como o número 2 do PCC, ele está preso por outros crimes.
O Ministério Público (MP) acusa Gegê e Abel de ordenarem as execuções de dois criminosos na favela do Sapé, no bairro do Rio Pequeno, Zona Oeste de São Paulo. Eles tinham dado as ordens por celular de dentro da cadeia para integrantes da facção matarem dois desafetos do grupo do lado de fora.
O PCC é uma facção criminosa que age dentro e fora dos presídios. Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, é considerado o número 1 na liderança da quadrilha. Ele também está preso.
“Gegê é um dos bandidos mais perigosos do Brasil porque é inteligente, ousado e cruel”, disse o promotor Rogério Leão Zagallo ao G1. “Ele é um dos líderes de uma poderosa e violenta facção criminosa atuante neste país, cujos tentáculos estão alcançado todos os estados da federação e alguns países da América do Sul”.
Zagallo não acredita que Gegê irá comparecer ao próprio julgamento. “Ele é, definitivamente, uma estrela de primeira grandeza na constelação da criminalidade brasileira”, falou o promotor, que pedirá a condenação do acusado ao júri. “Os jurados devem condená-lo para que possamos deter uma verdadeiro inimigo da sociedade ordeira.”
Pelo duplo assassinato, Gegê pode ser condenado a 45 anos de cadeia. A primeira condenação dele ocorreu em 2000, quando ele recebeu pena de 12 anos e 8 meses de prisão por assassinato e tráfico de drogas. Em 2003 foi condenado a mais 4 anos e 8 meses por formação de quadrilha. Nesse período, ele passou por 13 unidades prisionais em São Paulo.
Quem tiver informações sobre o paradeiro de Gegê pode telefonar para o número 11-3311-3148.
O G1 não conseguiu localizar os advogados de defesa do foragido para comentarem o assunto. Caso a defesa de Gegê também não compareça ao júri, o julgamento deverá ocorrer, já que o juiz determinou que a Defensoria Pública defenderá o acusado.
